Você acorda com uma sensação estranha. A princípio não sabe bem o que é. Tenta se levantar e não consegue. A sua cabeça parece que vai explodir. Resolve se recostar na cama novamente – se é que você conseguiu chegar até a cama na última noite. De repente, além da dor de cabeça, você se sente enjoado, com o estômago embrulhado, um gosto horrível na boca. É isso mesmo: você está de ressaca.
No ?day after? de uma ressaca, Alex Pinheiro, comerciante, passa o tempo todo tomando muita água e não pode chegar perto de comida. Cláudio Spercoski, funcionário público, abusa de medicamentos, mas não consegue sair da cama. Em qualquer roda que você freqüente sempre vai ter alguém que ?sabe tudo? de ressaca.
Não adianta patuás ou fórmulas alopáticas mirabolantes: ressaca não tem cura. Segundo o médico e pesquisador Raphael Boechat existe muita lenda e pouca comprovação científica nas receitas populares. Colherzinha de azeite, comprimidos tomados antes da bebedeira, exercícios para expulsar as toxinas, nada disso, segundo ele, resolve o mal-estar do organismo maltratado pelo álcool.
Júlio Coelho, chefe do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo e de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da UFPR, indica a moderação como a melhor forma de evitar os males da ressaca. E ela surge, devido ao álcool, depois de ingerido, ser absorvido muito rapidamente pelo estômago. Depois de metabolizado, ele é levado pela corrente sangüínea até o cérebro. ?Assim, bombardeado por diversas substâncias tóxicas que o agridem, este reage por meio de uma síndrome?, explica Coelho. Então, sintomas como tremores, enjôos, fadiga, dor de cabeça, redução na concentração e lentidão no raciocínio causam uma série de alterações no corpo e afetam, especialmente, o fígado, coração, rins e sistema nervoso.
Sem fórmula mágica
Raphael Boechat sugere uma medida simples para tentar evitar dores maiores no dia seguinte: água e boa alimentação. ?É aconselhável beber bastante água, alternada à bebida?, recomenda. De acordo com o especialista, a alimentação, por sua vez, atrapalha um pouco a absorção do álcool pelo intestino, que é o órgão mais afetado do corpo humano nesses casos. No dia seguinte, o melhor a fazer, no seu entender, é novamente se hidratar, tomar analgésicos associados à cafeína, que ajudam a recompor a energia, e comer alimentos leves.
Apesar das diferenças na predisposição ao distúrbio, provocadas pelo álcool, deve ficar claro que a quantidade que cada pessoa pode suportar é uma questão que diz respeito ao organismo de cada um. Mas, conforme Júlio Coelho, mesmo os mais ?fortes? para a bebida sofrem, dependendo da quantidade ingerida, não importando se ela é de boa ou má procedência. Voltamos ao início, é importante lembrar de que não existe nenhuma ?fórmula mágica? capaz de evitar completamente a ressaca. Se você beber além da conta, possivelmente seu organismo pagará por isso no dia seguinte.
