Depois de uma batalha para passar no vestibular de Medicina, concorrendo, em média, com mais de 70 candidatos por vaga, freqüentar aulas em período integral por seis anos, trabalhar duro em plantões intermináveis, disputar com um grande número de colegas com os mesmos objetivos, médicos já formados se preparam para aquela que é considerada uma das fases mais difíceis da sua vida profissional: a residência médica, período em que o médico recém-formado passa estudando e trabalhando, sob a supervisão de especialistas, conhecidos como preceptores, na área por ele escolhida.
A residência médica se constitui de ensino de pós-graduação destinado a médicos, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por treinamentos em serviço. Funciona em instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional. Durante o treinamento, o residente vai constituir as bases da sua identidade profissional, que se apóia no desenvolvimento do clássico tripé psicopedagógico: conhecimentos, habilidades e atitudes. Criado em 1889, por William Halsted, no Departamento de Cirurgia da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, esse sistema de capacitação profissional do médico tem sido reconhecido como a forma mais eficaz de aperfeiçoamento e especialização na área médica.
Aprendendo na prática
A residência médica se caracteriza pelo aprendizado em trabalho, ou seja, o médico residente aprende fazendo. “Sempre sob a supervisão dos preceptores”, frisa o médico José Maria Tupiná Machado, ex-integrante do Conselho de Residência Médica do Hospital Cajuru de Curitiba. Talvez a maior diferença entre a residência médica e os “estágios” de outras especialidades, no entender do especialista, seja que, além da sobrecarga nos horários de trabalho, devido aos inúmeros períodos em que o médico é obrigado a passar nos plantões, a imensa responsabilidade que a função exige.
O médico salienta que é no primeiro ano da residência que o médico sofre mais, pois ele começa o período da residência com elevado grau de ansiedade e tem suas preocupações aumentadas. “Podemos dizer que é a fase mais braçal da residência”, avisa Tupiná, pois além do conhecimento e segurança para desempenhar o seu trabalho, ele precisa reservar um tempo para pesquisas e revisões científicas. Nessa fase, os residentes vivem em contato direto com situações abruptas que necessitam de uma intervenção imediata e isso, na opinião do médico, pode ocasionar dúvidas e incertezas.
Nos próximos anos da residência, essas pressões ficam menos evidentes, já que os horários são mais flexíveis. O médico tem mais tempo para outras atividades científicas e discussões de casos. Nesse período, a dedicação integral continua, pois o residente deve passar por estágios em outras sub especialidades. Para Tupiná, tudo isso faz parte do aprendizado e deve satisfazer a expectativa que a sociedade espera dos profissionais.
Residência Médica abre inscrições
A Associação Médica do Paraná abriu as inscrições para o Exame AMP-2004, prova seletiva do concurso integrado para residência médica dos principais hospitais de Curitiba. De acordo com o médico Pedro André Kowacs, coordenador-geral do exame, o concurso é direcionado a três públicos distintos: médicos que pretendem cursar o primeiro ano de residência médica em determinadas especialidades sem pré-requisito; médicos que pretendem complementar sua formação em alguma especialidade com algum tipo de pré-requisito; e médicos e acadêmicos de medicina somente para efeito de treinamento e avaliação de conhecimentos, sem direito a vagas nos programas de residência médica envolvidos. A prova geral e as provas específicas estão marcadas para o dia 4 de dezembro. As vagas oferecidas, bem como as instruções para inscrição podem ser obtidas no site www.amp.org.br.
HOSPITAIS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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- Hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
- Aliança Saúde (Hospital Universitário Cajuru, Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Hospital Pequeno Príncipe/Hospital XV, Hospital Nossa Sra. de Fátima e Hospital Psiquiátrico de Curitiba).
- Serviço de Radiologia da Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa.
- Instituto de Neurologia de Curitiba (INC).
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