Em 2003, seitas anunciaram a clonagem humana. Novelas falaram sobre o tema. A reprodução humana nunca esteve tão em voga e foi tão discutida pela população em geral. Mas, numa esfera mais séria e aprofundada, existe uma série de questionamentos que rondam o setor. Um deles diz respeito ao momento ideal para um casal procurar um tratamento junto a uma clínica especializada.
Sem o uso de qualquer método anticoncepcional, com três relações sexuais semanais no período fértil, no primeiro mês um casal tem em torno de 20% de chance de conceber um filho. No segundo mês, esse índice sobe para aproximadamente 35%. No final de um ano, a probabilidade chega a quase 98%. Os números assustam: 15% a 20% das mulheres não conseguem engravidar no final desse período. Esta é a hora de procurar um profissional especializado.
As causas de infertilidade são, segundo pesquisas, cerca de 40% provenientes de fatores masculinos, 50% de fatores femininos e 10% de causas indeterminadas. Os fatores combinados (femininos e masculinos) contam, ainda, com 30% dos casos.
A investigação nos homens é feita, inicialmente, a partir de um espermograma. Se o exame apresentar alterações, é feita uma investigação mais aprofundada. Nas mulheres, deve-se fazer uma histerosalpingografia (raio X contrastado para investigar a permeabilidade das trompas). Se o exame sugerir lesões tubárias, parte-se para uma videolaparoscopia para melhor avaliação. Para detectar a ocorrência de ovulação, as opções são ecografias seriadas ou dosagens hormonais. Outro exame realizado é o teste pós-coital, que serve para avaliar se o muco cervical é favorável. As técnicas de tratamento diferem conforme o problema dos pacientes.
Existem também os casos dos casais que não precisam esperar um ano para começar a investigação por já apresentarem evidências suficientes de problemas. Mulheres com ciclos menstruais irregulares ou suspeita de endometriose (endométrio se implanta fora do útero e causa esterilidade), homens que sofreram cirurgia de testículo e possam ter seqüelas são exemplos desses casos. Se existe uma simples disfunção na ovulação, caso mais recorrente hoje em dia, a própria medicação provoca o retorno dos ciclos ovulatórios normais.
Mas as dúvidas não cessam por aí. Uma das mais comuns é sobre a idade limite para se fazer um tratamento. O recomendável é que a gravidez aconteça abaixo dos 37 anos. Passando dos 40 anos, os índices de sucesso de um tratamento de reprodução humana diminuem, os óvulos perdem qualidade, o índice de abortamento é mais alto e existe uma possibilidade maior de intercorrências durante a gravidez (hipertensão, diabetes e outros tipos de patologias são mais recorrentes). A idade de 42 anos seria limite, mas tudo depende do procedimento indicado.
Marcelo Cequinel
é médico ginecologista com especialização na Itália e membro do Embryo Centro de Reprodução Humana.