maissaude.jpgA frustração e a tristeza, comuns aos casais que têm vontade de ter filhos e não conseguem, também fizeram parte da vida de Dariele Neivert de Andrade e seu marido. Toda vez que chegava o período de ovulação ela menstruava, adiando o sonho. ?Essa situação causava uma angústia e um nervosismo muito grande em mim e no meu marido. Chorávamos muito?, recorda. O seu sofrimento só cessou após ela fazer um tratamento de desobstrução das trompas. Completado o tratamento, a recompensa veio em dose dupla: Dariele teve gêmeos após se submeter ao procedimento de fertilização in vitro.

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A boa notícia vem se repetindo cada vez mais, já que cresce o número de casais que procuram as técnicas de reprodução assistida para realizar o sonho de ter filhos. A situação antiga, em que era preciso, primeiro, superar o preconceito existente para depois buscar auxílio médico especializado e passar pelos tratamentos disponíveis, deu lugar à confiança de se optar por um método avançado que ajude na reprodução. Eles passam por inseminação artificial, fertilização in vitro com transferência de embriões, congelamento de óvulos e/ou espermatozóides, além da vitrificação, técnica especial de congelamento de óvulos e embriões para futuros procedimentos.

O melhor óvulo

Segundo a bióloga embriologista Ana Lectícia Mansur, do Embryo Centro de Reprodução Humana, a tendência das novas técnicas é se encaminhar para tratamentos cada vez mais curtos, acessíveis, práticos de serem efetuados, que interfiram menos na vida do casal, além de conquistarem melhores resultados. ?As pesquisas buscam o aprimoramento técnico para se ter o melhor óvulo e, conseqüentemente, o melhor embrião, fato que resulta em uma possibilidade maior de sucesso na implantação?, observa, salientando que a intenção é reduzir a taxa de gravidez múltipla associada às tecnologias de reprodução assistida.

Já ficou constatado que a possibilidade de engravidar por meios naturais diminui rapidamente com o passar dos anos. Aos 25 anos de idade, a mulher está no auge da sua capacidade de fertilização e conta com cerca de 25% de chances de ter um bebê. Já aos 35 anos, esse índice fica entre 8% e 15%. Após os 38 anos, a chance de engravidar cai para 3%. Diante desses números, o ginecologista, com pós-graduação em reprodução humana completada na Itália, Marcelo Cequinel aconselha que, passado pelo menos um ano de tentativas frustradas, o casal busque ajuda especializada. ?Não engravidar durante esse tempo não quer dizer que o casal esteja impossibilitado de ter um filho, é para isso que servem os exames?, frisa.

Reverter é possível

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Conforme o especialista, antes de começar qualquer tratamento, o casal passa por uma bateria de testes e exames para avaliar suas condições de saúde. A partir daí são analisados quais os métodos mais compatíveis para o tratamento de reprodução assistida. ?É importante lembrar que infertilidade não é uma doença, mas um sintoma de que algo está errado com um ou ambos os parceiros?, explica. De acordo com Cequinel, para chegar a um diagnóstico correto é preciso investigar a raiz do problema, analisando todas as possíveis causas. ?Só assim é possível administrar o tratamento ideal?, completa.

Para César Augusto Cornel, ginecologista especializado em reprodução humana, a idéia de não ser capaz de reproduzir pode causar um certo grau de tensão emocional, angústia e medo. No seu entender, a melhor atitude a ser tomada é manter a calma, não se culpar, e, principalmente, manter a expectativa de reversão do quadro, por meio das novas técnicas. ?Hoje, o sucesso dos tratamentos atinge mais de 90% dos casos?, garante.

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O Brasil tornou-se uma referência na área, atendendo pacientes até do exterior. ?Estamos equiparados com os grandes centros mundiais de reprodução humana, apresentando, muitas vezes, índices de sucesso superiores aos obtidos no exterior?, afirma. O médico cita a fertilização in vitro como uma das técnicas que mais avançou. ?Não só o procedimento em si foi aprimorado, como técnicas auxiliares foram criadas para aumentar as taxas de gravidez e a qualidade dos embriões implantados?, destaca Cornel. Com efeito, as novas técnicas possibilitam que mulheres com mais de 40 anos possam desenvolver gestações mais seguras e com bebês mais saudáveis.

O FUTURO CHEGOU

Na tabela a seguir, é possível verificar os principais avanços em reprodução humana nos
últimos vinte anos.

 

 

HÁ 20 ANOS

AGORA

Coleta de óvulos

Somente através da videolaparoscopia, com anestesia geral.
Procedimento invasivo com
internação. Apresenta maior risco.

Através do ultra-som, sob sedação. Pouco invasivo, sem internação. Apresenta baixo risco.

Taxas de gravidez

15%

45%

Diagnóstico Precoce de Doenças Cromossômicas e (DPI ? Diagnóstico Pré-implantacional)

Impossível

Possível. Hoje, doenças cromossômicas, como a síndrome de Down, podem ser diagnosticadas precocemente.

Controle para evitar gestação múltipla, através da análise dos embriões

Não existia

É feita por técnicas modernas para avaliação da qualidade dos embriões. São transferidos somente os melhores (1 ou 2).

Homens com vasectomia ou pequena quantidade de espermatozóides

Impossível

Possível graças à técnica revolucionária da ICSI (Injeção Intracitoplasmática do Espermatozóide).

Fertilização com óvulos de doadora

Não era feita

Realizada em caso de mulheres que, por algum motivo, não têm óvulos capazes de serem fertilizados.

Congelamento de óvulos

Impossível

Atualmente já é possível com resultados que superam as expectativas.

Fatores imunológicos

Não eram pesquisados

São importantes para os casos de repetidos tratamentos malsucedidos.

Fonte: IPGO

Índices estimativos de sucesso em
pacientes submetidas à reprodução assistida

Mulheres com menos de 37 anos de idade: 42%

Mulheres com idade entre 37 anos e 40 anos: 28%

Mulheres com mais de 40 anos: 15%

Custo aproximado de cada procedimento:

Consulta

R$ 200,00

Coito Programado

R$ 450,00 + Medicação

(Procedimento total + Ultra-som)

Inseminação Artificial Intra-uterina

R$ 750,00 + Medicação

(Procedimento total com Ultra-som e Capacitação do Sêmen)

Fertilização In Vitro com Injeção Citoplasmática (ICSI – FIV – Bebê de proveta)

R$ 4.800,00 + Medicação.