Remédio para artrite pode provocar doença no coração

O laboratório Merck anunciou ontem que vai retirar do mercado o Vioxx, seu principal medicamento para tratamento da artrite. Um estudo realizado com pacientes que sofrem de câncer de cólon que tomaram o remédio por três anos indicou que eles apresentavam duas vezes mais riscos de ter problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrame, do que os que tomaram placebo. O remédio responde por US$ 2,5 bilhões das vendas da Merck.

“Os pacientes que estão tomando Vioxx devem entrar em contato com seus médicos para discutir a suspensão do uso do Vioxx e tratamentos possíveis”, diz o comunicado da empresa. Cerca de dois milhões de pessoas em todo o mundo usam o remédio, que representa 10% das vendas da empresa.

A retirada do Vioxx do mercado lança dúvidas sobre a eficácia de toda uma classe de remédios usados para tratar a artrite e dor, conhecidas como inibidores de COX-2.

“Isso tem implicações para todos os integrantes dessa classe”, disse o médico Garret FitzGerald, chefe do Departamento de Farmacologia da Universidade da Pensilvânia.

A preocupação com relação aos efeitos colaterais do Vioxx tem aumentado nos últimos anos, depois que vários estudos indicaram que havia riscos associados a seu uso. Outras drogas da mesma classe, incluindo o Celebrex da Pfizer e o Prexige da Bexta e Novartis, não parecem apresentar perigo. No entanto, o FDA, a agência que regula alimentos e drogas, afirmou que vai prestar atenção nos efeitos dessas drogas.

Ações despencam

As ações do laboratório Merck pesaram ontem sobre o índice Dow Jones, na Bolsa de Valores de Nova York, depois que o laboratório anunciou que irá retirar do mercado o seu principal remédio contra artrite, o Vioxx, que é comercializado em todo o mundo. Os papéis tiveram uma desvalorização de 27%.

Apesar da procura por barganhas, o índice Composite da Bolsa Eletrônica Nasdaq operava em ligeira queda de 0,4%, com 1.893 pontos. O índice Dow Jones 30 Industrials caiu 0,89%, para 10.046 pontos, enquanto o S&P 500 tinha desvalorização de 0,3%, operando com 1.111 pontos.

Anvisa manda suspender a venda

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou suspensão cautelar da comercialização e uso de todos os medicamentos que contenham Rofecoxibe, princípio ativo do anti-inflamatório e analgésico Vioxx. A medida foi tomada depois que o fabricante do Vioxx, Merck Sharp Dohme, informou à Agência, ao Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos, e demais autoridades sanitárias do aumento do risco de eventos cardiovasculares graves, incluindo ataque cardíaco e derrame.

A empresa informou que adotou todas as medidas para recolhimento do produto e esse trabalho já está sendo acompanhado pela Anvisa, que considera as ações adequadas. As vigilâncias sanitárias estaduais e municipais farão a fiscalização do recolhimento. A medida tem caráter preventivo e os estudos apresentados demonstram que só houve risco do aparecimento dos efeitos adversos depois de mais de um ano de utilização ininterrupta do medicamento.

Os consumidores que fazem uso contínuo do produto devem procurar seu médico, que definirá qual a melhor opção para o tratamento. Até agora a Anvisa não foi notificada por profissionais de saúde de efeitos semelhantes com o medicamento.

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