O primeiro transplante de mandíbula do mundo foi realizado no hospital Regina Elena da Universidade La Sapienza de Roma, num paciente de 80 anos cujo estado geral foi considerado “satisfatório”. A cirurgia, dirigida pelo professor Giuseppe Spriano, durou cerca de 11 horas, começando às 09,30 horas da manhã e sendo concluída às 20,30 horas.
Numa entrevista à imprensa, Spriano informou que o paciente, atingido por uma grave forma de câncer na cavidade bucal, passou a noite na unidade de terapia intensiva. “Seu estado é agora satisfatório”, disse o médico, advertindo porém é necessário aguardar, tanto pela complexidade da cirurgia como pelas condições gerais do doente, “considerando sua idade avançada”.
O professor esclareceu que o doente, cujo nome não foi revelado, não terá necessidade de passar por tratamento para impedir a rejeição. “A terapia imunosupressiva para evitar a rejeição não é necessária em casos de transplante de ossos”, afirmou. O tratamento dado ao maxilar, submetido a radioterapia e depois conservado em nitrogênio líquido, “eliminou todos os componentes celulares responsáveis pela reação de rejeição”.
“O risco para o paciente provém de eventuais infecções ou do fracasso no implante do osso”, afirmou Spriano, observando que se não houver complicações, o paciente poderá deixar o hospital em três semanas. O cirurgião assinalou que “o objetivo é que o paciente volte a respirar e a falar como antes, ou seja, que a mandíbula volte a adquirir a total funcionalidade, permitindo-lhe alimentar-se de modo normal”. O tumor o havia levado o um estado de total desnutrição.
O osso maxilar foi enviado de um hospital de Cesena, no nordeste do país, e tratado num hospital de Bolonha, onde foi submetido a radioterapia e conservado em nitrogênio líquido, para esterilizá-lo e eliminar os componentes celulares que estimulam a rejeição.
A extração do maxilar foi feita de um paciente de 39 anos, falecido em consequência de um aneurisma cerebral. Sua família havia autorizado a doação de órgãos e tecidos, e aceitou também a extirpação da mandíbula atendendo a um pedido específico do Centro de Transplantes de Bolonha.
O ministro da Saúde Girolamo Sirchia destacou que se trata de um novo êxito da Itália no setor dos transplantes. “Além de uma nova possibilidade de tratamento para tais patologias, para as quais continuam sendo prioritários os diagnósticos e intervenções precoces, estamos diante de um novo progresso na área de transplantes de nosso país”, manifestou Sirchia numa carta enviada ao diretor científico do hospital universitário, Francesco Cognetti.
Com o primeiro transplante de maxilar realizado em Roma, se reduziu ainda mais a lista de órgãos que ainda não é possível transplantar. Recentemente se levou a cabo um transplante de menisco e, no ano passado, foram feitos transplantes de útero e de ovários.