“Aos 45 anos não tinha a disposição que tenho hoje.” A afirmação é do aposentado Ernani Teixeira de Brito, atualmente com 65 anos de idade.

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Ele começou um programa de reabilitação logo após ser liberado pelos médicos depois de ter sofrido um infarto e ter sobrevivido pelo pronto atendimento recebido. Hoje, diariamente, faça chuva ou faça sol, lá está o ex-comerciante se exercitando pelas ruas de Curitiba.

“Parece brincadeira, mas acho que meu relógio biológico está andando pra trás”, brinca, lembrando que, antes até para ir à panificadora perto da sua casa não abandonava o carro. “Estou pensando em disputar uma maratona”, completa.

De acordo com o cardiologista Costantino Ortiz Costantini, do Hospital Cardiológico Costantini, ajuda a evitar um infarto é a principal meta de todo cardiologista.

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Isso porque, apesar de todos os avanços, o índice de sobrevivência a um evento dessa natureza está longe do ideal. Dentre os pacientes que passam por ataque cardíaco, menos de 40% completam um ano de aniversário de tão indesejado acontecimento.

Descuidos no tratamento e a manutenção de hábitos de risco – alimentação inadequada, cigarro e falta de atividade física – contribuem para novos entupimentos nas artérias e diminuem as chances de sobrevivência em longo prazo.

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De acordo com Ortiz, depois de uma cirurgia cardíaca (pontes de safena ou angioplastia), muitos pacientes tendem a fantasiar que “no meu peito bate um coração novinho em folha”, negligenciando o tratamento.

De acordo com o especialista, é por isso que os médicos insistem em uma programa de reabilitação, conhecido por “prevenção secundária”, cujo tratamento-padrão inclui o uso de medicamentos (anticoagulantes e betabloqueadores) e mudanças no estilo de vida para se evitar novas complicações.

Equipe multidisciplinar

Dependendo da área acometida e do porte da cirurgia cardíaca são necessárias entre 3 a 6 semanas para que o processo de cicatrização esteja bem consolidado. Neste período os pacientes devem evitar exercícios físicos vigorosos ou levantar pesos acima de 6 kg. Um teste de esforço pré-alta também ajuda a definir o nível de atividade física durante e depois de um bom programa de reabilitação cardíaca.

“A doença coronariana é progressiva e evolutiva, por isso o paciente não deve descuidar da prevenção, já que outras obstruções arteriais podem ocorrer”, alerta o cardiologista. A recuperação completa depende de cada paciente. O ideal é fazer com que a qualidade de vida desses “sobreviventes” seja a mais normal possível.

Estima-se que, hoje, existam cerca de 5 milhões de sobreviventes de infarto agudo do miocárdio, metade dos quais fisicamente limitados pela doença, o que não ocorreria se adotassem um programa de recuperação cardíaca. De preferência acompanhados por uma equipe multidisciplinar, que inclua cardiologistas clínicos, fisioterapeutas, psicólogos, professores de educação física e nutricionistas.

“A adoção de hábitos saudáveis, como abandonar o cigarro e começar a prática regular de atividades físicas pode ser o primeiro passo para uma total reabilitação da saúde de quem sobreviveu a um infarto”, completa Ortiz.