Psoríase causa impacto na qualidade de vida

Repulsa, tristeza, medo, desespero e preocupação. Esses são apenas alguns dos sentimentos provocados pela psoríase, doença imunológica crônica que causa inflamações e manchas na pele no formato de placas avermelhadas.

Na maioria dos casos, as lesões podem ficar restritas a algumas regiões, como cotovelos, joelhos e couro cabeludo, entretanto, em alguns casos, considerados moderados e graves, as lesões podem se disseminar por todo o corpo.

Estima-se que a doença afete, aproximadamente, 4 milhões de pessoas no Brasil. Mesmo assim, a maioria da população desconhece o problema e suas consequências.

A falta de conhecimento sobre a doença leva ao subdiagnóstico. “Muitos não sabem que a psoríase não é contagiosa e que tem tratamento”, afirma o dermatologista Artur Antonio Duarte.

O especialista explica que o distúrbio é causado por uma intolerância do sistema imunológico (sistema de defesa) a componentes do próprio organismo. Como resultado, a pessoa apresenta produção desordenada de alguns tipos de células da pele, inflamações, manchas avermelhadas e placas que podem até sangrar.

Reações negativas

A doença atinge indistintamente homens e mulheres, sendo mais frequente em pessoas de etnia branca, podendo se manifestar em qualquer fase da vida, notadamente na faixa etária que vai dos 15 aos 35 anos de idade.

Uma pesquisa focada em entender o estigma sofrido por seus portadores, desenvolvida pela Janssen-Cilag Farmacêutica e realizada pelo Ibope ouviu 602 pessoas de oito capitais do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Recife) a partir dos 20 anos.

Os entrevistados opinaram com base em dois quadros de fotos que retratavam portadores de psoríase (não identificados) em dois estágios da doença: leve e moderada/grave.

Os entrevistadores questionaram então, sobre situações do cotidiano, incluindo perguntas sobre relacionamentos interpessoais (afetivo, profissional ou de amizade) com pessoas portadoras da doença.

Cerca de 70% dos entrevistados demonstraram que teriam reações preconceituosas ao se deparar com portadores do distúrbio e mais de 60% tiveram reações negativas ao ver fotos de pessoas afetadas pela doença.

A maioria disse que evitaria contratar um profissional com psoríase para trabalhar em sua casa, ocupar uma posição gerencial ou ainda comer uma refeição preparada por ele.

Já cerca de 80% dos entrevistados não namoraria alguém com a doença e nem entraria em uma piscina caso houvesse um portador se banhando nela.

Desconhecimento

A rejeição da população entrevistada mostrou-se ainda maior quando se trata de um estágio mais grave da doença, quando as placas atingem uma parte maior do corpo e são ainda mais difíceis de esconder embaixo da roupa.

A pesquisa mostrou também que 2/3 dos entrevistados nunca ouviram falar sobre o tema ou afirmaram que ela é rara, contagiosa e que tem cura.

Esses resultados demonstram o grande desconhecimento da população brasileira com relação à doença que atinge até 3% da população mundial e que está associada a casos de depressão, suicídio e comorbidades frequentes, como doenças inflamatórias do intestino, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

A dermatologista Gladys Martins explica que a psoríase é uma doença de causa desconhecida, considerada multifatorial, na qual intervêm as ações conjuntas de diversos genes e uma série de fatores desencadeantes.

“Além de acometer a pele, pode afetar as articulações, causando a ,manifestação conhecida como artrite psoriásica, que pode causar inclusive deformações nas mãos e outras articulações”, alerta.

Preconceito

Segundo a especialista, a descamação, característica principal da doença, acontece porque as células da pele se reproduzem muito rápido.

Ela explica que, normalmente as células da pele levam em torno de 21 a 28 dias para serem repostas. “Nos portadores de psoríase, esse ciclo leva, em média, de 2 e 6 dias”, ressalta. A principal diferença do problema para as demais doenças de pele, de acordo com a médica, é que é uma doença seca.

Segundo dados do Consenso Brasileiro de Psoríase, até 60% dos pacientes com a doença sofrem de depressão. Esse índice mostra o quanto os pacientes com a doença sofrem com o estigma provocado pela doença. “Por desconhecimento da população, essas pessoas são vítimas de preconceito.”, reconhece a dermatologista Lúcia Arruda.

Atualmente, o tratamento inclui medicamentos tópicos (cremes e loções) para os casos leves. Já na psoríase moderada e grave, problema que atinge até 25% dos pacientes com a doença, o tratamento pode ser realizado com medicamentos sistêmicos (orais ou injetáveis) e, atualmente, com os modernos agentes biológicos.

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