Segundo a psicóloga Rita de Cássia Maestri, que tem surdez profunda e é a única a prestar atendimento clínico a deficientes auditivos na capital paranaense, são poucos os psicólogos preparados para atender pacientes surdos. “Como a maioria dos profissionais não domina a linguagem dos surdos, não consegue acompanhá-los durante o tratamento”, afirma. “Para que a comunicação seja eficiente, o psicólogo deve conhecer o mundo do surdo, se adaptando à sua cultura. É um trabalho árduo e que exige muita dedicação.”
No mundo, conforme informações do CRP do Paraná, existem 150 milhões de pessoas surdas. No Brasil, são 5 milhões. Rita explica que há quatro níveis de perda auditiva: leve, moderada, severa e profunda. Os psicólogos costumam ter maiores dificuldades em trabalhar com os portadores de deficiências auditivas severa e profunda. Muitas vezes, essas pessoas não desenvolvem a fala, ficando difícil o entendimento por parte dos profissionais despreparados. “Em alguns casos, se o paciente tem surdez leve ou moderada, a comunicação com o psicólogo é facilitada. Nos outros dois casos, a comunicação se torna um grande obstáculo”, diz.
Grande atenção também deve ser dada à família. Muitas vezes, o principal problema do surdo é a pressão imposta pelos familiares para que ele desenvolva a fala, o que acaba comprometendo seu emocional. “Algumas vezes, a família cobra muito”, conta.
Incentivo acadêmico
O professor de psicologia do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), de Londrina, João Juliani, que será um dos palestrantes do encontro, acredita que as universidades e faculdades devam incentivar seus alunos a desenvolverem trabalhos junto à comunidade de surdos. “Melhor seria as instituições instigarem seus futuros psicólogos a conhecerem o mundo dos surdos e realizarem trabalhos específicos na área”, completa.
As palestras serão proferidas no UnicenP, em Curitiba, amanhã e sábado, das 8h30 às 19h.