Próteses diminuem as limitações físicas

O avanço tecnológico trouxe diversas facilidades e melhorou de forma considerável a expectativa de vida de milhões de pessoas pelo mundo.

Mesmo quem perdeu um membro do corpo também encontra na tecnologia a possibilidade de recomeçar a vida.

As próteses estão a cada ano mais avançadas, apresentando novidades que aproximam cada vez mais a realidade ao que vemos nos filmes de ficção.

Daniel Silva foi um dos titulares da seleção brasileira de vôlei que conquistou a medalha de ouro nos jogos Para-panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, além de ter participado dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Ele, que perdeu a perna direita há nove anos, sabe bem como o avanço tecnológico na ortopedia traz inúmeros benefícios para a vida dos usuários.

O para-atleta conta que na sua primeira prótese, o encaixe era feito com pino de silicone e não segurava direito, ficava meio solto e o machucava bastante. “Agora uso de pressão a vácuo, e mudou como da água para o vinho, pois a prótese fica bem presa, muito mais confortável, tenho mais segurança no movimento. Consigo até correr, o que não fazia com a anterior”, relata.

Atualmente, as próteses estão muito mais leves, resistentes, confortáveis e podem atender às inúmeras necessidades que cada pessoa amputada tem para retomar o dia-a-dia normalmente.

Existem modelos, produzidos com fibra de carbono, que podem pesar até menos que 800 gramas, além de possibilitarem maior impulsão, podem ser indicadas até para esportistas. Outras apresentam bombas que ao fazer a adaptação lateral, proporcionam uma melhor prevenção das articulações e menor gasto de energia.

Locais planos

O próprio encaixe da prótese do usuário já tem um avanço significativo. “Em peças antigas, o encaixe era feito em polifórmio, que fazia pressão sobre a parte óssea do coto, ou seja, de fora para dentro, o que proporciona desconforto ao paciente”, lembra o protesista-ortesista Luciano Alves.

Já os mais modernos trabalham com um sistema a vácuo que não realiza a compressão, mas a expansão da musculatura, melhorando a circulação sanguínea e equiparando a pressão interna à natural, o que dá aos pacientes a sensação de que a prótese seria continuação da perna.

O joelho, que é umas das articulações mais complexas do corpo, também possui seu substituto artificial, e no mesmo nível de complexidade. Os modelos computadorizados são os mais avançados na atualidade.

Eles possuem um chip que faz uma análise do solo em que a pessoa caminha e se adapta a ele. Então, o usuário tem facilidade e conforto para se locomover sobre qualquer tipo de terreno.

“Dá a sensação ao paciente de que está andando sempre em locais planos e, por isso, ele tem mais equilíbrio e segurança, além de um menor gasto energético”, explica o especialista da Ortopédica Catarinense.

Segurança

Outras características que diferenciam os novos modelos de prótese do joelho é que elas possuem três sensores, que enviam informações sobre a alternância de movimentos.

O chip, que atua como se fosse um cérebro, lê esses dados e já reconhece o movimento antes mesmo dele acontecer. Também é o único que realiza o processamento das informações do movimento tanto na fase de balanço quanto na de apoio, função que as próteses antigas não têm.

Um dos beneficiados por essa prótese é Carlos Renato do Rosário. Segundo o eletricista, as possibilidades que essa tecnologia lhe oferecem são surpreendentes.

Para ele, a segurança no andar é o maior diferencial, comparado com os outros modelos que já utilizou. “A sensação de que você vai dar o passo e que a prótese vai te segurar não tem como descrever”, comenta, destacando ainda, o conforto, em qualquer tipo de terreno.

Segundo Luciano Al,ves, é importante lembrar que toda essa gama de opções está aí para ajudar os mais diversos casos que os pacientes apresentam. Ele lembra que nem sempre um modelo mais moderno é o mais indicado para determinado caso.

Assim, o médico e o protesista devem orientar e ajudar a pessoa na hora de escolher sua prótese, mas a definição final deve ser do futuro usuário. “É importante trabalhar para que o paciente tome as suas próprias decisões, afinal é ele quem vai usar o equipamento”, reconhece.

Mão eletrônica transmite sensações ao portador

Um sistema eletrônico capaz de fazer próteses de mão transmitirem sensações de temperatura, tato, vibração e dor para seus usuários acaba de ser desenvolvido pelo engenheiro Paulo Marcos de Aguiar em pesquisa na Escola de Engenharia de São Carlos (SP).

O sistema é composto de pequenos sensores conectados a um circuito integrado. “Eles também são ligados à pele por meio de transdutores, pequenos dispositivos que transformam os registros dos sensores em impulsos elétricos”, relata o professor Glauco Caurin, coordenador da pesquisa. “Sensores de pressão registram as impressões de tato, pressão e vibração”, explica.

Os testes com pacientes amputados são feitos na Faculdade de Medicina da USP. “Os usuários de próteses aprendem a lidar com as informações que os sensores estão captando e com o tempo adquirem uma percepção muito apurada de temperaturas frias e quentes, por exemplo”, conta Caurin.

O projeto, conhecido por “Mão Eletrônica Brasileira” é desenvolvido há seis anos. A pesquisa serve como base para criar tecnologias que possam ser aplicadas em próteses comerciais. A construção da mão é semelhante à do esqueleto humano.

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