Prostitutos não conhecem DSTs

Apesar de 75% dos garotos de programa de Curitiba usarem preservativo nas relações sexuais com clientes, muitos não sabem os sintomas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Cerca de 15% admitem que não usam preservativos com os parceiros fixos. Os dados são de uma pesquisa feita pelo grupo Dignidade em parceria com o grupo Heros, que trabalha saúde e cidadania dos prostitutos da capital. A mostra reuniu cem dos cerca de 450 profissionais que trabalham em boates, bares, saunas, agências e ruas da cidade.

A pesquisa faz parte do projeto Apolo, que desde o ano passado vem trabalhando para diminuir as ocorrências de DSTs e HIV/aids junto os profissionais do sexo masculino, através da realização de oficinas e palestras. A coordenadora do projeto, Marcela Prado, disse que a iniciativa não pretende tirar as pessoas da profissão, mas dar apoio e orientação a quem procura a entidade. Para quem busca uma profissionalização, adianta Marcela, está sendo viabilizada uma parceria com agências de empregos para encaminhar aqueles que querem deixar a atividade.

Panorama

O trabalho também serviu para traçar um panorama da prostituição masculina em Curitiba, e revelar alguns pontos conflitantes da atividade. Um deles diz respeito a sexualidade dos garotos. Oitenta por cento responderam na pesquisa que fazem programas com homens e mulheres, mas 43% afirmaram ser bisexuais e 40% heterosexuais. O garoto de programa e monitor do projeto, David Mhel, 25 anos, disse que esse conflito existe porque muitos têm orientação heterosexual, mas acabam mantendo também relações homossexuais e não conseguem aceitar essa situação. “Para provar para si mesmos que são homens, acabam transando com mulheres todos os dias”, comenta Mhel.

A maioria dos garotos de programa de Curitiba (45%) tem entre 18 a 21 anos. Esse número, segundo Mhel, caracteriza bem a chamada “vida útil” dos profissionais, que é em média de cinco anos. “Existe uma rotatividade muito grande de garotos e fica difícil competir com meninos mais novos”, afirmou. A média de preços cobrada pelo programa é de R$ 50,00. Isso demonstra a diferença entre a prostituição feminina, pois segundo Mhel, os clientes quando desejam uma mulher pagam qualquer valor, e muitas tem clientes fixos. Já na prostituição masculina é diferente, pois a clientela é quase sempre a mesma ? 90% são homens e 75% casados ?, e os locais de trabalho também são reduzidos.

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