Própolis também auxilia no combate à infecção hospitalar

Brasília – O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) descobriu mais uma maneira de aproveitar o vasto poder medicinal e antibcteriano da própolis produzida pelas abelhas: usá-lo no combate as infecções hospitalares. Pesquisa coordenada pela biomédica Patrícia Laguna Miorin constatou que os compostos bioativos da resina são eficazes no combate da Orsa (sigla em inglês para Staphylococcus aureus resistente ao antibiótico oxacilina), uma das principais bactérias responsáveis pela infecção hospitalar.

Para desenvolver o estudo, o ICB coletou e analisou a composição química de várias amostras de mel e própolis de diferentes localidades do país. A análise cromotográfica (de cores) mostrou que a própolis proveniente de colméias de espécies Apis mellifera ? abelha africanizada ? e da popular Jataí, coletadas em Minas Gerais e tipificadas como BRP1, contêm maior quantidade de compostos bioativos.

Segundo Patrícia Miorin, o uso da própolis mostrou-se muito ativo contra a S. aureus tornando possível novas opções terapêuticas, como sua utilização em conjunto com a oxicilina. Ela explicou que o microorganismo apresenta grande resistência aos antibióticos, o que dificulta seu combate em infecções hospitalares.

O próximo passo da pesquisa será separar cada composto bioativo e descobrir como eles interagem com o antibiótico oxicilina, comprovando sua eficácia no combate à bactéria. “Já qualificamos esses compostos. Agora vamos estudá-los separadamente para, mais adiante, submetê-los a testes em animais e posteriormente em humano”, informou a pesquisadora.

Empregada como cicatrizante e anti-inflamatório desde os tempos da Grécia Antiga, a resina própolis faz parte da história da medicina popular e já conquista espaço na medicina cientifica. Em 1999, a resina mostrou-se ativa no combate ao Bacilo de Koch, agente causador da tuberculose e, em 2001, contra o protozoário Trypanossoma cruzi, responsável pela Doença de Chagas.

No Brasil, a própolis é conhecida popularmente como cicatrizante e antibiótico natural para curar gripe, dor de garganta, conjuntivites e outros males. Graças às suas propriedades biológicas, tem sido cada vez mais utilizada pela indústria farmacêutica nas mais diversas formas, como pomada, creme, gel e sabonete.

Dependendo da origem, a própolis contém mais de 400 substâncias químicas, muitas delas com funções ainda desconhecidas na fisiologia humana. Produzida a partir de resinas coletadas em troncos de árvores como abacateiro, eucalipto e pinheiro, a composição química da própolis se diferencia conforme a vegetação e o clima de cada região. Na colméia, a substância resinosa é aplicada na vedação de frestas e como barreira sanitária contra microorganismos.

Pesquisa conduzida há dez anos pela professora Maria Cristina Marcucci Ribeiro, Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), com a própolis deve resultar numa patente internacional capaz de estimular um pouco mais o seu pela indústria farmacêutica nacional na produção de medicamentos fitoterápicos.

A própolis brasileira tem prestígio pela qualidade. Estudos sobre a sua composição renderam diversas patentes a pesquisadores farmacêuticos de outros países, em especial do Japão. Para contra-atacar, Maria Ribeiro desenvolveu um método de classificação da própolis a partir da análise química, destacando a existência de três tipos.

“Já entramos com o pedido para a patente desse método no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), com extensão para os Estados Unidos, Europa e Japão”, informa a professora. O pedido de patente foi apresentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp). O método de classificação brasileiro é importante para que a indústria farmacêutica garanta a qualidade da matéria-prima que usar. A própolis consumida por humanos tem elevado a resistência do sistema imune, inclusive entre vítimas de doenças muito sérias.

O potencial da própolis como substância medicinal está sendo explorado pelos pesquisadores de diversos países. O Brasil é exportador do própolis in natura. Originalmente, ele é usado como antibiótico natural, tanto pelos humanos quanto pelas abelhas.

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