Ministério da Saúde quer que consumidor seja informado sobre efeitos danosos do consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
Frases formuladas para os comerciais de bebidas alcoólicas:
?O Ministério da Saúde adverte: o álcool é causa de inúmeras doenças, como câncer de fígado e lesões cerebrais?.
?O Ministério da Saúde adverte: acidentes de trânsito após o consumo de álcool são responsáveis pela maioria das causas de morte em todo o mundo. Se beber, não dirija?.
Ambientes com intensa vida social, sensualidade, alegria e descontração. Esses costumam ser os cenários para as propagandas de bebidas alcoólicas. O que essa publicidade não mostra ? apesar dos avisos de ?Beba com moderação? ? são os efeitos nocivos que o consumo regular e excessivo do álcool pode trazer para a saúde. Além do mais, o marketing tende a influenciar crianças e adolescentes, mais vulneráveis aos apelos da mídia.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é um dos países onde há maior consumo de álcool no mundo. O II Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, promovido pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), identificou que em 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes 12,3% das pessoas com idades entre 12 e 65 anos são dependentes de bebidas alcoólicas. Os dados apontam o aumento do consumo de álcool em faixas etárias cada vez mais precoces. ?É evidente a existência de propagandas apelativas voltadas para o público jovem?, afirma a gerente de Monitoramento de Propagandas da Anvisa, Maria José Delgado Fagundes. Para ela, a única forma de combater os males do alcoolismo é mudar o discurso da mídia e divulgar os seus reais efeitos.
Advertências diretas
As novas proposições discutidas pelos órgãos de saúde sugerem que a propaganda comercial de bebidas com teor alcoólico elevado, como conhaques, uísques e cachaças, somente poderá ser veiculada nas emissoras de rádio e televisão entre as 21 e as 6 horas. Também sugerem que a propaganda não poderá estimular o consumo com cenas, ilustrações, áudio ou vídeo que apresentem a ingestão do produto. A propaganda também não poderá associar o efeito decorrente do consumo a estereótipos de sucesso e de integração social. A proposta proíbe, ainda, o uso de recursos gráficos e audiovisuais pertencentes ao universo infanto-juvenil. Este dispositivo tem como finalidade impedir que o público infantil seja influenciado ao consumo de bebidas alcoólicas.
Outra restrição consiste na não-associação do consumo à prática de esportes, a celebrações ou à condução de veículos. ?Outro ponto importante da proposta é vetar a associação da bebida com idéias de êxito ou sexualidade?, lembra Maria José Fagundes. Também não será permitido o uso de imperativos que induzam ao consumo, como ?experimente!?, ?beba!? ou ?tome!?. De acordo com a especialista, também deverão ser inseridas ao final de cada propaganda frases de advertência que demonstram a triste realidade de quem consome álcool em excesso. As frases serão veiculadas obrigatoriamente na TV, rádio, internet, outdoor, cartazes e folhetos.