Problemas respiratórios são freqüentes em crianças

Se a criança respira pela boca, tem um sono agitado e perde o apetite com freqüência, é bem provável que ela sofra de uma doença que atinge cerca de 15% da população infantil: a adenóide, um tecido de defesa que fornece informações para a produção de anticorpos contra microorganismos presentes no ar, aumentada. A função da adenóide é de defesa do organismo. Todas as crianças nascem com uma adenóide pequena e a proporção que começa a engatinhar, levando coisas ao nariz, faz com que bactérias e vírus penetrem no organismo. A adenóide capta essas coisas nocivas, criando anticorpos para combater esses agressores do nosso organismo.

O otorrinolaringologista Álvaro Machado Pacheco Neto alerta que, quando a criança se desenvolve a adenóide começa a crescer, e aí surgem os principais distúrbios. ?Quando esse crescimento vai além daquilo que seria normal, passa a se constituir um problema?, descreve. De acordo com o médico, da preocupação dos pais ao diagnóstico do distúrbio, o importante é não perder muito tempo. O especialista avisa que a indicação de cirurgia só se justifica quando os sintomas causam grande desconforto à criança.

Comer ou respirar

As crianças que chamam a atenção são aquelas que passam a se tornar ?respiradores bucais?. De acordo com o otorrinolaringologista Leão Mocelin, do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), essa criança se cansa mais facilmente, tem dificuldade para comer porque precisa respirar e comer ao mesmo tempo. Um estudo realizado no IPO com cerca de duas mil crianças, mostrou que o problema atinge 2% delas e que cerca de 10% têm alguma doença de ouvido, nariz ou garganta. ?São comuns casos em que os pais não percebem alterações na criança, pois acham que é normal respirar pela boca?, afirma Leão Mocelin.

Além disso, o respirador bucal apresenta uma gama de alterações na formação dos ossos da face: palato ogival, alterações de arcada dentária e hipoplasia dos ossos da face. O hiperdesenvolvimento da adenóide também pode estar relacionado a sinusites de repetição na infância e alterações na audição, já que não permite a saída das secreções nasais normalmente produzidas.

De acordo com o médico, todos esses prejuízos podem ser evitados quando tratamos adequadamente a causa do problema. Se o problema não é tão grave, é possível aguardar um pouco, já que a adenóide diminui com o tempo. ?Por vezes há necessidade de remoção cirúrgica da adenóide, com excelentes resultados que são percebidos quase que imediatamente e sem prejuízos para o desenvolvimento normal da criança?, atesta Leão Mocelin.

Memória imunológica

Embora a reincidência do distúrbio se dê em uma minoria de casos, a operação, que consiste na ?raspagem? da adenóide, é mais recomendada entre 3 e 7 anos de idade. No entanto, quando o desconforto traz problemas para o sono da criança, que chega a ficar alguns segundos sem respirar direito (apnéia noturna), a cirurgia deve ser feita o mais rápido possível.

As amígdalas – cujo aumento exagerado está quase sempre associado ao da adenóide aumentada – fazem o mesmo com alguns ?invasores? presentes nos alimentos. ?A adenóide grava a memória imunológica que será utilizada para o resto da vida?, diz Ney Penteado de Castro Júnior, da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. Uma pesquisa realizada pela entidade mostrou que o aumento de adenóide está entre as doenças mais tratadas pelos especialistas em otorrinolaringologia, ao lado da rinite alérgica e da otite média (inflamação no ouvido).

A criança que não respira direito pelo nariz tem:

>>   Olhar apagado

>>   Boca aberta

>>   Gengiva vermelha e inchada

>>   Língua encostada no lábio inferior e nos dentes de baixo

>>   Céu da boca alto

>>   Arcada dentária superior estreita

>>   Face alongada

>>   Boca ressecada

>>   Musculatura da face mais flácida

>>   Aparência de ter um pescoço curto

Pais devem prestar atenção

>>   Observe se a criança consegue fazer as atividades do dia-a-dia com a boca fechada

>>   Verifique durante a noite se a criança ronca muito alto, se baba no travesseiro e se sua respiração é tranqüila

>>   Caso você perceba que ela fica o tempo inteiro de boca aberta, se acumula saliva excessiva na boca ou se apresenta alterações da respiração durante o sono, procure um especialista

>>   O tratamento mais adequado é realizado pela cooperação de vários profissionais, como otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e ortodontista

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