O problema é relativamente comum. Duas em cada três mulheres grávidas sentem o sintoma. A constipação intestinal ou prisão de ventre é um dos primeiros sinais do início da gravidez. Mais comum a partir do segundo trimestre da gestação, a doença acomete cerca de 40% das grávidas, segundo estudos que nortearam o mais recente consenso sobre o tratamento da constipação intestinal na gestante, publicado na Europa.
Segundo a professora de gastroenterologia da Universidade Federal do Paraná Heda Maria Santos Amarante, presidente da Sociedade Paranaense de Gastroenterologia e Nutrição, a prisão de ventre, além de ser mais freqüente nas mulheres do que nos homens, durante a gravidez tem maior incidência devido às alterações hormonais que deixam o intestino mais lento. Outra causa do distúrbio se deve ao aumento no volume do útero, que exerce uma pressão sobre os intestinos, causando dificuldades mecânicas, o que torna a ida ao banheiro ainda mais demorada ou menos freqüente. “Também nessa fase as mulheres cometem o que chamamos de erros alimentares, ou seja, comem menos (por sofrer enjôo) ou procuram alimentos com poucos valores nutricionais”, ressalta a médica.
Muito líquido
Se a alimentação da futura mamãe for pobre em fibras e em líquidos, o problema se agrava ainda mais. “Na gravidez, a retenção de líquido pelo organismo é maior, tornando as fezes mais secas. Isso dificulta sua passagem pelo intestino”, explica o gastroenterologista Flávio Antônio Quilici. Por isso, a indicação médica para o tratamento da constipação passa, sobretudo, por uma boa alimentação (ver box). A prática de exercícios físicos compatíveis com a gravidez também pode auxiliar no combate à prisão de ventre. “A atividade física estimula o peristaltismo (movimento intestinal) e ajuda na mobilidade do intestino”, ressalta o especialista.
Muitas grávidas recorrem aos chás laxativos, pensando que por serem “naturais” não causam problemas à saúde. Pelo contrário. Alguns tipos de chás podem causar cólicas e outros distúrbios. O recomendado pelos médicos é a ingestão de muita água. “Não recomendo o uso desses chás para ninguém, para gestantes então, nem pensar”, adverte Heda Amarante, salientando também para os riscos da auto medicação. A presidente ressalta que somente um médico especializado pode prescrever algum tipo de medicamento para o trato da constipação intestinal.
DIETA IDEAL PARA FUTURAS MAMÃES
Uma boa dieta alimentar ajuda a evitar a prisão de ventre durante a gravidez. A ingestão de líquidos e de fibras alimentares aumenta a concentração das fezes, facilitando sua eliminação. Confira as indicações abaixo, com algumas orientações:
- Beba de 8 a 12 copos (2 a 3 litros) por dia. Água, sucos naturais e água de coco são boas opções. Evite refrigerantes e bebidas gasosas.
- Coma frutas que formam resíduo, como mamão, ameixa e melão. Evite banana, maçã e goiaba, que são constipantes. Prefira sua ingestão com iogurte, cereais e aveia.
- Aumente o consumo de fibras. Prefira cereais e grãos.
Medicamento seguro
A indústria farmacêutica vem se preocupando em lançar medicamentos seguros para o tratamento dos sintomas da prisão de ventre. Um deles, o Muvinlax, comercializado pela Libbs Farmacêutica, foi aprovado pelo FDA (órgão do governo norte-americano que controla a qualidade de alimentos e remédios) para o tratamento do distúrbio. O medicamento foi indicado também num consenso europeu como ideal para o uso em gestantes e no puerpério, por não ser absorvido pelo organismo. Aliado a uma boa alimentação e exercícios físicos, o medicamento oferece uma melhor qualidade de vida às futuras mamães. O seu uso deve ser sempre indicado sob prescrição médica.