O engenheiro Dr
. Aron José Pazin de Andrade, integrante da equipe de profissionais da Divisão Bioengenharia da Fundação Adib Jatene, é o responsável pela concepção do primeiro coração artificial brasileiro. Com tecnologia 100% nacional, o dispositivo traz novo alento às pessoas que necessitam de transplantes e precisam do auxílio de um recurso externo.Desenvolvido após pesquisas para a conclusão da tese de doutorado do engenheiro Andrade no Baylor College of Medicine, em Houston, nos Estados Unidos, o Coração Artificial Auxiliar – CAA tem a função de bombear até seis litros de sangue por minuto, auxiliando o trabalho do coração natural na ocorrência de problemas ou na espera de transplantes.
O dispositivo tem dimensões de uma bolinha de tênis, com peso de cerca de 500 gramas. Com corpo produzido em alumínio, diafragma em poliuretano, capa em resina acrílica e conexões de silicone ou plástico, o modelo dispõe de um motor de corrente contínua alimentado por uma bateria. “O fio atravessa a pele e tanto o controlador quanto a bateria ficam do lado externo, mas futuramente esses dois últimos componentes deverão ficar internos e um sistema magnético carregará as baterias”, explica Andrade.
“O coração funciona com um motor elétrico que gira e impulsiona um parafuso para a esquerda, movimentando o diafragma esquerdo. Assim o sangue é ejetado para fora da câmara ou ventrículo artificial esquerdo. Na sequência o motor inverte o sentido de rotação e impulsiona o diafragma direito, movimentando o sangue da câmara direita enquanto enche a esquerda.”, esclarece o engenheiro. Dessa forma o dispositivo reproduz as funções do coração natural.
Esperança
Alento para milhares de pessoas, o projeto do CAA conta com o apoio do CNPq e da FAPESP para seu desenvolvimento. “O Coração Artificial conta com o exclusivo sistema de duas câmaras de bombeamento que pode ser implantado sem a retirada do coração natural.” Ao contrário dos exemplares concebido em outros países, onde a utilização está atrelada aos pacientes que tenham apenas o ventrículo esquerdo comprometido, o modelo nacional também será utilizado nos casos em que os dois ventrículos estejam afetados.
Atualmente o coração está na fase dos testes em animais e a estimativa é de que em dois anos o protótipo esteja pronto para ser implantado em pacientes humanos. “Apesar de não poder ser considerado uma solução definitiva, o CAA auxiliará os pacientes que aguardam transplantes”, explica Andrade. Único protótipo do gênero no país, o modelo encontra projetos semelhantes nos Estados Unidos, no Canadá e no Japão. No Brasil o Incor dispõe de um Dispositivo de Assistência Ventricular ? DAV, que possui mecanismo de propulsão não implantável.
Sobre a Divisão Bioengenharia da Fundação Adib Jatene
A Divisão Bioengenharia da Fundação Adib Jatene
www.fajbio.com.br foi criada em 1987 com o apoio do Instituto Dante Pazzanese para a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de equipamentos médico-hospitalares. Dirigida pelo Dr. José Francisco Biscegli e Engº Eddie Luiz Alonso Jr, a Divisão Bioengenharia atua ainda como uma entidade de ensino, apta a realizar pesquisas para o desenvolvimento tecnológico e de novos produtos para a área hospitalar. Entre os equipamentos produzidos pela entidade estão as bombas infusoras, oxímetros, monitores cardíacos e eletrocardiógrafos.