As crises alérgicas provocadas pelas condições climáticas próprias do inverno saem de cena. Só que, em seu lugar, na primavera, o cenário é marcado por outros agentes causadores de alergia, entre eles a polinose, provocada pelo pólen das plantas levados pelo ar. O final dos meses frios e a chegada da estação das flores fazem com que os sintomas da alergia da primavera, como é conhecida a doença respiratória causada por essa sensibilização, reapareçam. Essa manifestação alérgica pode trazer manifestações desagradáveis, como coceiras no nariz, olhos vermelhos e lacrimejantes.

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A alergia de primavera é comum nos países do Hemisfério Norte, que possuem estações bem definidas. São observadas grandes quantidades de pólen em suspensão no ar, que desencadeiam conjuntivites e alergias, em geral respiratórias, em adultos e crianças. No Brasil, é conhecida por doença polínica e sua ocorrência é considerada bastante recente. De acordo com os especialistas, ela surgiu provavelmente no início da década de 70, sendo que os casos em crianças foram detectados apenas em meados de 1980. Até então, a moléstia era considerada rara ou inexistente, tanto nas grandes cidades como no campo ou na praia.

O médico Nélson Augusto Rosário Filho, da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Sbai), salienta que as principais preocupações são com o surgimento de rinites e conjuntivites intensas, ocasionalmente acompanhadas de asma brônquica. A incidência é maior em adultos jovens, de até 30 anos e que sofram de rinite alérgica ou outro tipo de alergia com causas hereditárias. ?Um número importante de pacientes tem diagnóstico de alergia sazonal, com sintomas acentuados?, relata. Com efeito, pesquisas detectam que o pólen de plantas forrageiras é um dos principais causadores da alergia.

Plantas ?importadas?

De acordo com a imunologista Maria do Carmo Toschi, as pessoas que apresentam outros quadros alérgicos têm maiores chances de desenvolver a alergia da primavera, pois já possuem um processo inflamatório instalado. Tanto que, em crianças, é comum a doença estar associada à alergia por ácaros, que ocorre durante todo o ano. ?Sabe-se que a alergia é uma doença que depende de muitos fatores para se manifestar, inclusive os hereditários?, lembra a especialista. Assim, filhos de pais alérgicos têm de quatro a sete vezes mais riscos de desenvolvê-la.

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A identificação desses casos fez rever o conceito que afirmava a inexistência dessa doença alérgica no Brasil. ?O Brasil não tinha muitos casos, mas desde que passamos a importar plantas houve um aumento significativo no número de alérgicos ao pólen?, alerta a imunologista.

Há cerca de 20 anos, calcula a médica, iniciou-se um processo crescente de importação de plantas e os casos passaram a aumentar. ?A polinose começou a aparecer principalmente nos locais onde as pessoas trabalham com as plantas, como o campo e as floriculturas?, conta.

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De acordo com Nélson Rosário, ao contrário das alergias perenes, em que os sintomas são contínuos e freqüentes, os sintomas desse tipo de alergia aparecem entre os meses de setembro e novembro, podendo persistir até janeiro. Com a chuva deste final de inverno, a maior incidência da alergia pode ser retardada, mas basta chegar os dias ensolarados e de vento forte para que elas surjam. O especialista adverte que, aos primeiros sinais, um especialista deve ser procurado, para estabelecer um controle eficaz.

Diminuindo a exposição

* Manter janelas fechadas à noite

* Limpar freqüentemente o filtro do ar-condicionado

* Evitar a exposição nos dias de maior concentração polínica, ou seja, naqueles ensolarados, quentes, secos e ventosos

* Nestes dias, evitar passear  em clubes de campo, cortar grama ou serviços de jardinagem

* A fumaça do cigarro pode agravar os sintomas de alergia

* Usar óculos de sol

* Tomar banho à noite, lavar os cabelos, para evitar a deposição de pólens no travesseiro e na cama

* Evitar colocar roupas para secar ao ar livre