A prevenção é a maneira mais eficaz de se manter longe dos problemas de saúde. No início do ano, quando a agenda fica recheada de compromissos com médicos é boa hora para incluir o oftalmologista nesses horários e avaliar as condições da visão para mantê-la no melhor índice e garantir plena produtividade ao longo do ano.
A dica é do oftalmologista Canrobert Oliveira. O especialista orienta sobre o que avaliar na visão nas diferentes fases da vida. A visão, como o restante do organismo, sofre alterações ao longo do tempo e deve ser acompanhada desde o berçário.
A primeira avaliação deve ocorrer ainda na maternidade, com o teste do olhinho. Trata-se de um exame rápido em que o pediatra observa a visão do bebê através do feixe de luz emitido pelo oftalmoscópio refletido na retina.
Quando não há nenhum obstáculo à visão, a luz chega até a retina e, ao ser refletida, faz com que o examinador perceba um reflexo vermelho. Sua ausência indica possível obstrução à passagem da luz e as suas causas precisam de investigação apurada. “Neste caso, a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista com urgência”, observa Canrobert.
Rendimento escolar
A oftalmologia é uma das especialidades médicas que tem evoluído com maior velocidade e apresentado relevantes ganhos na qualidade de vida das pessoas. |
Antes de completar um ano, os pais devem providenciar uma consulta a fim de averiguar se está com todas as condições para desenvolver sua visão com qualidade, uma vez que o olho humano completa o desenvolvimento funcional definitivo em torno de seis ou sete anos de idade.
Se não houver nenhum impedimento à saúde ocular (estrabismo ou má-formação congênita) e nenhum sinal indicativo de problema, a próxima consulta deverá ser marcada para antes da alfabetização, a fim de garantir plenas condições de aprendizado e desenvolvimento intelectual.
“Pesquisas apontam uma melhora do rendimento escolar de 50% dos alunos após a prescrição de óculos”, observa o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Na avaliação dos pais, quase 90% deles passam a ter mais interesse pelos estudos.
O especialista diz a prevenção da cegueira requer que pais e professores estejam atentos à visão das crianças. O ideal seria fazer um exame periódico todo início de ano letivo.
Segundo Queiroz Neto, o hábito de inclinar a cabeça para um lado pode sinalizar estrabismo – desvio ocular que pode levar ao desenvolvimento desigual dos olhos.
A doença nem sempre é percebida pelos pais e leva à cegueira monocular. A correção, explica o médico, é feita com a oclusão do olho de melhor visão para estimular o desenvolvimento do mais fraco.
Este simples procedimento deve ser feito partir dos três anos de idade para garantir o perfeito desenvolvimento da visão. “Depois dos oito anos de idade esse essa condição pode levar ao grave comprometimento do olho mais fraco e impedir a adaptação aos óculos”, esclarece o especialista.
Exames simples
Na pré-adolescência e antes da fase adulta, entre os 13 e os 20 anos de idade, as pessoas estão mais sujeitas ao aparecimento de irregularidades visuais, como o ceratocone, que acomete uma a cada duas mil pessoas. Os sintomas muitas vezes não são percebidos. “O jovem não sente dor ou sequer lacrimeja, mas apresenta uma forte sensibilidade à luz e uma baixa qualidade de visão, mesmo utilizando óculos”, ilustra Canro,bert Oliveira. O ceratocone não tem cura nem a córnea volta a seu estado original, mas os tratamentos disponíveis conseguem corrigir os elevados graus de astigmatismo, estabilizar o problema e reduzir a deformidade.
Independente da faixa etária o check-up da visão é simples. Consiste em uma avaliação clínica normal no consultório do oftalmologista, seguida de uma aferição da pressão ocular e de um exame de fundo de olho.
A partir da idade adulta devem ser feitos anualmente e são exames suficientes para quem não tem nenhuma dificuldade diagnosticada e não está sentindo nenhuma alteração visual.
De acordo com o oftalmologista, essa avaliação pode detectar várias anomalias que, quando tratadas em tempo, não encontram espaço para se desenvolverem e se transformarem em grandes problemas.
No entanto, há situações especiais que precisam de visitas mais frequentes além do simples check-up anual. São casos, por exemplo, dos usuários de lentes de contato, de alguns pacientes que realizaram cirurgia refrativa, dos portadores de glaucoma de difícil controle ou, ainda, de portadores de diabetes.