Prevenção não tem idade para acabar

Nos últimos dez anos, a incidência do vírus da aids em mulheres com mais de 50 anos de idade triplicou.

Dados de boletim epidemiológico elaborado pelo Ministério da Saúde (MS) apontam que, se em 1996 a cada 100 mil mulheres 3,7 estavam infectadas pelo HIV. Em 2006 esse número subiu para 11,6.

Esses números foram apresentados na última semana durante o lançamento da campanha de prevenção à aids no Carnaval deste ano, voltada principalmente a essas mulheres e intitulada Sexo não tem idade para acabar. Proteção também não.

Os principais objetivos da campanha são: fortalecer a mulher para que ela possa exigir do seu parceiro o uso do preservativo, elevar a auto estima da população dessa faixa etária e alertá-la para as vantagens do uso do gel lubrificante como um aliado no uso da camisinha. Também foi apresentado os dados de uma pesquisa comportamental realizada em 2008 com mulheres de idade entre 50 e 64 anos.

Para a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, embora 91,8% delas tenham conhecimento de que a não utilização do preservativo está diretamente relacionada à infecção por HIV, o uso regular da camisinha com parceiro eventual é de apenas 28,1%. É nessa constatação que a campanha do MS pretende intervir.

“Tornar a conversa sobre sexo mais fácil para as mulheres, possibilitando, assim, que elas tenham mais atitude na decisão sobre o uso da camisinha”, define a ministra.

Mais vulneráveis

As mulheres precisam exigir que seus parceiros usem o preservativo, mas isso requer uma mudança de comportamento. No estudo com um grupo específico foi percebido que as mulheres alegam sentir mais prazer nas relações sexuais sem a camisinha, mas esse comportamento é possivelmente uma influência machista. “Como sabemos, ainda é o homem quem decide se o preservativo será usado ou não”, reconheceu, na ocasião, o ministro da Saúde José Gomes Temporão.

Para Beatriz Pacheco, de 60 anos de idade, portadora do HIV e militante do Movimento das Cidadãs PositHIVas, as mulheres de mais idade também precisam aprender a importância de se usar o preservativo. “Em qualquer idade o vírus está presente, ou seja, em qualquer idade estamos vulneráveis”, reconheceu.

Não há dados concretos de que o maior número de transmissões do HIV ocorre nos dias de Carnaval. É, praticamente, impossível fazer estimativas, tendo em vista que a manifestação de sintomas ocorre sem uma data predeterminada a partir da infecção.

“Concentramos as campanhas no Carnaval porque partimos de um pressuposto de que o não uso da camisinha está relacionado a não haver outra uma oportunidade de fazer sexo”, observou a diretora do Programa Nacional de DST/Aids Mariângela Simão.

Em outra pesquisa do MS, 40% dos adolescentes alegam não ter usado camisinha porque a oportunidade apareceu e eles não tinham preservativo no momento. Por isso, a diretora não crê que a distribuição de camisinhas (neste Carnaval serão distribuídas 10 milhões) determine o comportamento sexual das pessoas. “Faz sexo quem quer e quando quiser”, completou a dirigente.

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