Prevenção é regra básica contra o câncer

A correria diária faz com que, muitas vezes, as pessoas esqueçam de tomar medidas preventivas, comprometendo, com isso, a saúde.

Pequenos cuidados fazem grandes diferenças. De acordo com o oncologista clínico Flávio José Reis, falar sobre saúde requer mais que apontar números, descrever doenças e seus tratamentos, a fim de desmistificar o tema e priorizar a informação.

Os mais diversos tipos de câncer, conforme o especialista, são exemplos de doenças tratadas com reservas, no entanto, é uma das que mais preocupa as autoridades em saúde do mundo.

Dois em cada mil brasileiros terão algum tipo de câncer em 2010. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que prevê perto de 490 mil novos casos da doença em 2020.

Deste total, 52% atingirão mulheres e 48%, homens. “Esse resultado se deve à população feminina brasileira ser maior que a masculina e elas terem uma expectativa de vida maior”, explica o presidente do Inca, Luiz Antônio Santini.

Maus hábitos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é considerado a segunda causa de morte na maioria das nações. No Brasil é responsável por aproximadamente 15% do total de óbitos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares.

Até algum tempo atrás, acreditava-se que o segredo da saúde e da longevidade estava selado pela herança genética. No entanto, vários estudos comprovaram que não é somente a genética a responsável por uma vida saudável.

O mesmo acontece com o câncer, pois se comprova que raros são os casos de câncer que se devem exclusivamente a hereditariedade. As principais causas estão associadas aos maus hábitos – em sua maioria preveníveis -, como má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo, falta de atividade física e exposição a substâncias tóxicas.

“Logo, a redução da incidência está diretamente associada às medidas de conscientização”, enfatiza o oncologista Flávio Reis. Para o clínico geral Alfredo Salim Helito, as doenças cardiovasculares, infarto e outros males circulatórios poderiam ser evitados com o simples controle da hipertensão e do diabetes.

O mesmo vale para as neoplasias, já que a prevenção representa 80% da cura do câncer. “Isso significa fazer exames preventivos e manter hábitos saudáveis”, completa.

Expansão das doenças

A preocupação aumenta pelo envelhecimento da população. Atualmente, estima-se que vivam no Brasil, aproximadamente, 18 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

A expectativa é de que esse número dobre nos próximos 20 anos. A faixa etária dos idosos com mais de 80 anos também crescerá (em torno de 6%) trazendo um aumento da sobrevida quem, por sua vez, implicará a expansão de doenças características da terceira idade.

Em contrapartida, a evolução nos tratamentos e medicamentos fez com que o diagnóstico da doença deixasse de se tornar uma sentença de morte. Os especialistas também acreditam que, hoje, não existe câncer cem por cento letal.

Enquanto alguns tipos, como o do pâncreas, por exemplo, têm um índice de sobrevivência baixo, outros têm possibilidades mais animadoras. Uma boa parte deles, ainda, podem ser prevenidos.

“Em alguns casos, como o câncer de próstata, é possível coexistir com a doença, pois é possível controlá-la e manter certa qualidade de vida”, afirma o oncologista José Carlos Gasparin Pereira.

Seguir pequenas regrinhas como não fumar, diminuir o consumo de álcool, ficar de olho na balança, praticar atividades físicas, e ter uma dieta balanceada rica em fibras, frutas e vegetais, podem ser considerados o primeiro passo na prevenção de neooplasias.

Os mais incidentes

CÂNCER DE COLO DO ÚTERO – O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de, aprox,imadamente, 230 mil mulheres por ano.

É um dos que apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. O número de casos novos de câncer do colo do útero esperado para o Brasil no ano de 2010 será de 18.430.

CÂNCER DE PRÓSTATA – Em termos de valores absolutos, o câncer de próstata é o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total.

Suas taxas de incidência são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos. O número de casos novos de câncer de próstata estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 52.350.

CÂNCER DE PULMÃO – O câncer de pulmão é o tipo mais comum de câncer no mundo. O padrão da ocorrência desse tipo de neoplasia é determinado por um passado de grande exposição ao tabagismo. O número de casos novos de câncer de pulmão estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 17.800 entre homens e de 9.830 nas mulheres.

CÂNCER DE MAMA

– Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. O número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2010 será de 49.240.

CÂNCER DE PELE – No Brasil, o câncer de pele não melanoma continua sendo o tipo mais incidente para ambos os sexos. Sua letalidade é considerada baixa. Devido a muitos casos subdiagnosticados, as estimativas das taxas de incidência e dos números esperados de casos novos devem ser consideradas como estimativas mínimas. O número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 53.410.

Nova técnica amplia taxa de cura

Elgner Moraes Pereira, Fellow em Oncologia na Universidade de Humboldt (Alemanha).

Pesquisa em curso desenvolvida pelo paranaense Elgner Moraes Pereira, Fellow em Oncologia na Universidade de Humboldt (Alemanha), vem demonstrando resultados promissores na elevação das taxas de cura do câncer de mama não metastático (restrito ao tumor).

Intitulado Terapias Modernas Para Abordagem do Câncer de Mama, o estudo teve início há dois anos com um grupo de 30 voluntárias entre 50 e 60 anos que não respondiam bem ao tratamento quimioterápico convencional.

Com a substituição da quimioterapia por avançadas formas de radioterapia 27 delas tiveram queda ou destruição total do tumor entre 80% a 100% dos casos. A pesquisa de Elgner contribuiu, também, para que se estabeleça um protocolo padronizado e um conjunto de condutas terapêuticas, que deve levar em conta na escolha de cada paciente a determinados tratamentos.

Elgner afirma que as primeiras pesquisas criam uma importante evidência clínica. O emprego da radioterapia como método seletivo de tratamento do câncer de mama restrito ao tumor reduz o tempo de tratamento, provoca menos efeitos colaterais, melhora o prognóstico e tem influência sobre o aspecto psicológico da paciente.

“Ao perceber rápida melhora do seu quadro clínico, a mulher tem melhor qualidade de vida e aceita melhor todas as condutas propostas pela equipe médica”, reconhece.

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