Pessoas que passam a maior parte do dia trabalhando acabam criando hábitos considerados inadequados e prejudiciais à saúde física. Isso pode acontecer com profissionais de diversas áreas e que executam todo tipo de atividade.
Segundo o médico ortopedista do Hospital de Clínicas da UFPR, em Curitiba, Gabriel Paulo Skroch, os maus hábitos estão diretamente ligados à repetitividade de movimentos – percebida por exemplo entre profissionais que utilizam bastante o computador – e falta de adequação do mobiliário. “Mesas muito altas e cadeiras muito baixas podem, com o passar do tempo, fazer com que o indivíduo adote uma postura incorreta”, comenta o médico. “Existe um padrão a ser utilizado, mas é necessário que dentro das empresas haja um trabalho individualizado para que o mobiliário seja adequado conforme a estatura de cada funcionário.”
As lesões acarretadas por movimentos repetitivos costumam ser chamadas de LERs (Lesões por Esforços Repetitivos). Já as que aparecem em função da atividade profissional são as Dorts (Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho). Ambas englobam uma série de moléstias, com sintomas variados.
Geralmente, no início da carreira, os funcionários que realizam movimentos repetitivos, com sobrecarga de atividades ou que não dispõem de mobiliário adequado, sentem dores em determinados locais do corpo e cansaço. Com o passar do tempo, costumam aparecer lesões na coluna, musculares e nos tendões, que são a parte final do músculo que se une ao osso.
Para evitar as lesões ocupacionais, Gabriel acredita que o primeiro passo seja a realização de um bom exame admissional, onde o médico possa saber se a pessoa está capacitada para executar determinada atividade. Depois, o próprio trabalhador, em conjunto com a empresa, deve criar um método de trabalho, evitando fazer muita coisa em curto período de tempo e realizando pausas adequadas.
Governo, empresários e trabalhadores também devem se juntar e investir em ergonomia. Todos devem ter consciência de que, no futuro, um ambiente de trabalho saudável, além de não comprometer a saúde do trabalhador, pode gerar economia: “É muito mais barato prevenir do que remediar. As doenças ocupacionais geram horas não trabalhadas e faltas, o que acarreta prejuízos financeiros às empresas”, explica o ortopedista.
Hidratação
Outra preocupação das pessoas durante o expediente de trabalho deve ser com a hidratação. Muitas vezes, o trabalhador está tão apressado ou concentrado no que está fazendo que acaba esquecendo de beber água. Em conseqüência, a desidratação pode alterar a coagulação do sangue e levar ao surgimento de trombose. “Um copo de água a cada uma ou duas horas, dependendo da temperatura, geralmente já é suficiente para manter a pessoa hidratada. Uma dica para que as pessoas saibam se estão ou não bem hidratadas é verificar a cor da urina. Urina escura é sinal de desidratação”, diz o doutor em cirurgia vascular pela Universidade de São Paulo, Kasuo Miyake.
Também para evitar trombose, Kasuo aconselha as pessoas que ficam muito tempo paradas a alongarem a panturrilha, contribuindo para que o sangue seja bombeado com mais facilidade para o coração. O relaxamento e a contração e descontração dos pés, dos calcanhares às pontas, também é aconselhável.