O peito chiando e respiração acelerada são os principais sintomas da bronquiolite, também conhecida como ?mal dos berçários?, uma infecção respiratória aguda causada freqüentemente pelo (VSR). Em crianças maiores de dois anos e adultos saudáveis, essa infecção provoca os sintomas de um simples resfriado, mas em bebês prematuros imunodeprimidos ou portadores de cardiopatia congênita, o vírus faz dobrar o tempo permanência da criança no hospital e em UTIs, deixando seqüelas, como chiados recorrentes e problemas respiratórios em 80% em crianças até 3 anos de idade e, em alguns casos, persistindo até os 12 anos de idade.
Gastos crescentes
“O VSR vem se tornando um grave problema de saúde pública.? Otávio Cintra infectopediatra da Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto |
Dados do Departamento de Informática do SUS (Datasus) indicam que, nos últimos cinco anos, o gasto do sistema de saúde com prematuros tem crescido significativamente, totalizando quase R$ 58 milhões em 2006. ?No total de gastos com crianças, 67% – cerca de 600 milhões – são decorrentes de doenças respiratórias, especialmente bronquiolite e pneumonia?, comenta Otávio Cintra, revelando que nas crianças menores de dois anos, o VSR é responsável por até 54% do número de casos dessas doenças. As infecções por VSR não são de notificação obrigatória e seu diagnóstico pode ser feito por teste rápido de sangue, imunoflorescência ou ainda por PCR, exames que, segundo especialistas, ainda são pouco utilizados.
Segundo a infectologista Rosana Richtmann, bebês prematuros de peso muito baixo ficam internados em média três meses e, em alguns casos, até seis meses em UTI-Neonatal. ?Essas crianças nos primeiros meses de vida têm o desenvolvimento marcado por problemas respiratórios que podem causar hospitalizações freqüentes, aumentando, com isso, o risco de serem infectados pelo VSR, vírus amplamente disseminado nos hospitais?, ressalta.
Anticorpo monoclonal
De acordo com a médica, fora do ambiente hospitalar, a transmissão do vírus se dá de pessoa para pessoa, por meio do contato das secreções contaminadas. O doente, ao levar sua mão à boca, nariz ou olhos, contamina suas mãos e, ao tocar em outras pessoas pode espalhar a doença. ?A pessoa sadia também pode se infectar ao respirar num ambiente onde um doente, ao tossir, falar ou espirrar deixe gotículas contaminadas dispersas no ar?, alerta a infectologista.
O palivizumabe diminui os dias de oxigenoterapia nos prematuros.? Rosana Richtmann infectologista do Santa Joana Hospital e Maternidade de São Paulo |
Inicialmente, a infecção é semelhante a uma gripe, com febre, coriza, tosse e espirros. Depois de alguns dias, a criança começa a apresentar tosse acentuada, respiração acelerada e falta de ar, chegando a dificultar as mamadas. Nessa situação, os pais devem buscar atendimento médico especializado com urgência. Rosana Richtmann salienta que, por ser um vírus sazonal, terminado esse período, o risco de adquirir a doença praticamente acaba, voltando a incomodar no ano seguinte.
Não existe vacina nem tratamento medicamentosos para infecção por VSR. O bebê precisa passar por um tratamento de suporte que consiste em manter a criança hidratada, tirar as secreções e aplicar oxigênio, para melhorar a respiração. A única medida profilática disponível é a aplicação de um anticorpo monoclonal humanizado (palivizumabe), que atua neutralizando o vírus. O anticorpo é aplicado via intramuscular, mensalmente, por cinco meses consecutivos, justamente nos meses de circulação do VSR e só é administrado em hospitais ou em clínicas de imunização. No ano seguinte, se ainda houver indicação, a profilaxia deve ser repetida.
Longe do vírus
* Evitar aglomerações
* Lavar as mãos com freqüência e sempre antes de pegar o bebê (o vírus permanece vivo nas mãos por mais de uma hora)
* Higienizar os objetos do bebê depois de manuseados
* Evitar contato dos bebês com crianças mais velhas e adultos com sinais de resfriado ou gripe
* Evitar contato com fumantes e com ambientes poluídos.
* Manter a criança bem alimentada e hidratada
Vacinação gratuita
Bebês prematuros têm direito a tomar de graça vacinas que não possuem cobertura no calendário oficial do Ministério da Saúde. Em alguns casos, como da meningite pneumocócica, crianças que até o ano passado só poderiam tomar a vacina caso tivessem nascido com menos de 29 semanas, agora já podem ter acesso gratuito à dose desde que nascidas com menos de 35 semanas. A informação foi divulgada hoje pela diretora da divisão de imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Helena Sato, durante o simpósio sobre vacinação.
As crianças podem receber gratuitamente as doses nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie). Atualmente, existem 39 centros espalhados pelo País, dois deles no Paraná (veja ao lado). Além da vacina para meningite pneumocócica e pneumonia, os bebês também têm direito a receber gratuitamente no Crie vacinas contra hepatite B, Salk (vacina acelular contra a pólio), vacina tríplice (difteria, coqueluche e tétano). De acordo com Eliane Mara Cesário Maluf, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, a desinformação é o principal problema a ser enfrentado, pois mais crianças poderiam ser protegidas com essas vacinas gratuitas.
Cries no Paraná
Curitiba
CRE Metropolitano – Rua Barão do Rio Branco, 465 – Telefone (41) 3304-7500
Londrina
Campus Universitário da UEL – Ambulatório do Hospital das Clínicas
Rodovia Celso Garcia Cid (PR 445), Km 380 – Telefone (43) 3328-3533
Calendário de vacinação para prematuros
A Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) acaba de editar o primeiro calendário de vacinação e de recomendação de imunizações específicas para o bebê prematuro, com o objetivo de reduzir a mortalidade e minimizar as seqüelas das doenças que atacam principalmente os bebês nascidos abaixo de 35 semanas de gestação.
“Hepatite, influenza, doenças pneumocócicas invasivas, coqueluche e afecções causadas pelo VSR (vírus sincicial respiratório) são passíveis de prevenção e cabe ao pediatra neonatologista orientar a família”, afirma Isabella Balallai, vice-presidente da entidade.
1 – BCG – Deverá ser aplicada em recém-nascidos com peso maior ou igual a 2kg.
2 – Hepatite B – Aplicar ao nascer no esquema habitual de três doses (0, 1 e 6 meses).
3 – Palivizumabe – Em bebês com menos de 2kg. Aplicar esquema de quatro doses: 0, 1, 2 e 7 meses de vida.
4 – Antipneumocócica conjugada – Durante período de circulação do vírus sincicial respiratório (VSR).
5 – Influenza (gripe) – Iniciar o mais precocemente possível (aos 2 meses). Respeitando a idade cronológica: três doses aos 2, 4 e 6 meses e um reforço aos 15 meses. Respeitando a idade cronológica: duas doses aos 6 e 7 meses.