Acidentes e doenças ocupacionais são responsáveis por mais de dois milhões de mortes todo ano, segundo dados da Organização Mundial do Trabalho (OIT). Conforme o Anuário Estatístico sobre Acidente de Trabalho no Brasil, nos últimos anos o número de acidentes de trabalho no País cresce preocupantemente. Para se ter uma ideia, enquanto em 2001 foram pouco mais de 340 mil acidentes de trabalho, em 2007 este número subiu para 653 mil ocorrências.
Além disso, a estimativa é de que para este ano os acidentes sem morte passem dos 400 mil, afastando o empregado temporária ou permanentemente, causando prejuízos ao empregado e ao empregador. Quando isso ocorre, além de gastos financeiros implicados na situação, a empresa perde em tempo, mão-de-obra, produção e qualidade de vida no trabalho.
Segundo dados do governo federal os acidentes e doenças do trabalho custam, anualmente, R$ 10,7 bilhões aos cofres da Previdência Social, por meio do pagamento do auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias. De acordo com um estudo realizado pelo Banco Inter-Americano de Desenvolvimento para a América Latina cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) é perdido por causa dos acidentes de trabalho.
Norma regulamentadora
Com efeito, as empresas têm dado uma atenção especial à legislação trabalhista e investido na contratação de profissionais de segurança do trabalho e nas modificações necessárias para manter o ambiente imune aos riscos de acidentes. “O papel desses profissionais, que consiste em zelar pela segurança dos colaboradores das empresas, é cada dia mais importante”, comenta Adriana Reichle, especialista em Segurança do Trabalho.
Desde a instituição da Norma Regulamentadora n.º 17, o Ministério do Trabalho e do Emprego alerta os empregadores sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A normativa dispõe de várias questões sobre ergonomia no ambiente de trabalho. Apesar de ter se tornado uma lei, muitas empresas ainda não se conscientizaram da sua importância e continuam expondo seus empregados a situações de risco de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. “Poucas empresas seguem a legislação. A maioria só adapta seus ambientes à norma após a fiscalização, quando já foram multadas ou advertidas”, observa Alison Klein, fisioterapeuta do trabalho e especialista em prevenção laboral.
Riscos à saúde
A NR17 regulamenta claramente diversos aspectos do ambiente e das tarefas do trabalho. Um exemplo é o mobiliário. “Cadeiras, mesas, bancadas de trabalho ideais estão descritas nas disposições, assim como a melhor forma de utilização de equipamentos”, aponta Klein. Outras orientações dizem respeito às tarefas dos funcionários, como realizá-las com maior segurança e distribuí-las melhor ao longo da rotina diária. O fisioterapeuta comenta que o transporte e levantamento de materiais, por exemplo, são detalhados de acordo com vários critérios, desde o peso da carga à idade do trabalhador.
O não cumprimento desses dispositivos acarreta vários riscos à saúde dos colaboradores, podendo prejudicar diretamente os índices produtividade. Se flagrada pela fiscalização, a empresa ainda recebe multa de até R$ 1.000,00 (mil reais) por posto de trabalho. “Todos estes transtornos podem ser evitados com a adequação do ambiente de acordo, facilmente detectadas por um fisioterapeuta especializado”, afirma Klein, que também é professor de fisioterapia do trabalho no Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos (CBES).
Principais intervenções
No escritório:
* Uso de suporte para documentos
* Aparelhos telefônicos com fones de ouvido para pessoas que precisam falar ao telefone e usar o teclado do computador ao mesmo tempo
* Apoio para o punho
* Abafador de ruídos para impressoras matriciais
* Persianas para reduzir a claridade excessiva
* Bordas arredondadas para as mesas
* Para o uso de notebook, o uso de mini-tec,lado e mini-mouse externos
Na indústria:
* Regulagem da altura das mesas e das bancadas de trabalho
* Tapete antifadiga para aqueles que vão trabalhar em pé por muito tempo
* Antiderrapante nos pisos e estrado para acesso de pessoas mais baixas
* Sapatos e botas de segurança com palmilhas almofadadas
* Carrinhos para transporte de material
* Algumas telhas translúcidas no teto para melhorar a iluminação
* Colocação de biombos que separem o trabalhador de fontes de calor intenso
No almoxarifado:
* Colocação de estrados metálicos que facilitem o trabalho de inspeção de materiais
* Armazenamento de itens pesados na altura da cintura
* Armazenamento de itens leves nas estantes mais altas ou mais baixas
* Tamanho das prateleiras de forma que o funcionário não tenha que se curvar para colocar ou retirar materiais
* Alinhar a altura das prateleiras com a altura de carrinhos de transporte
* Colocação de alças nas caixas de transporte
Manutenção geral:
* Rodízios de carrinhos de transporte
* Teclados de computadores
* Monitores com boa visibilidade
* Mobílias ergométricas
* Pisos e paredes da empresa sem rachaduras
* Ambiente limpo e higienizado
* Ambientes bem iluminados e com poucos ruídos