Preconceito marca a doença “seca”

José Lauro descobriu que era portador de psoríase aos 22 anos de idade em 2001. Na época sentia uma pequena coceira na região do joelho. Em seguida começaram a aparecer manchas nos cotovelos, tórax e couro cabeludo. Ele passou por vários médicos, sem que a doença fosse diagnosticada. “A psoríase abalou meu lado emocional, sofri muito, me isolando de tudo e de todos”, depõe. Muitas vezes, esse contador deixava de passar as férias na praia por medo do preconceito que a doença traz. “Não tinha nenhuma vontade de me expor”, declara. Hoje, já casado e com a doença controlada, diz que se acostumou com ela. “Uso regatas e bermudas sem traumas”, comemora.

Pelo relato, dá para perceber o desconforto causado por essa doença inflamatória da pele, crônica e incurável, que tem como principais características a descamação seca da pele. De acordo com a dermatologista Maria Denise Takahashi, coordenadora nacional de uma campanha de esclarecimento a população que acontece neste dia 28 de outubro, a psoríase se manifesta, na maioria das vezes, por lesões róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas.

Em alguns casos, as lesões podem estar localizadas apenas nos cotovelos, joelhos ou couro cabeludo. Em outros, se espalham por toda a pele. Freqüentemente há acometimento das unhas. Embora seja pouco freqüente, existem casos em que as articulações também podem ser afetadas, causando a artrite psoriática. “O estresse e a ansiedade são fatores que desencadeiam ou agravam a doença”, observa a dermatologista.

Medicação local

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a psoríase atinge de 1% a 3% da população mundial, índice que no Brasil representa perto de 5 milhões de pessoas. Apesar disso, a doença é praticamente desconhecida por 80% da população. Para o dermatologista Jesus Rodrigues Santamaría, especialista no tratamento da doença, dependendo da forma e do local em que as manchas se localizam, esse contingente de pessoas estão quase sempre escondendo o corpo dos olhares mais preconceituosos.

Pessoas como o técnico em informática Silvano Júnior que, mesmo nos dias mais quentes, não descarta o uso de uma camisa de manga comprida para esconder as manchas leves que afetam seus cotovelos. O médico Santamaría esclarece que essas formas da doença representam mais de 80% dos casos. “Nesses casos, uma medicação local pode controlar o surgimento das manchas, que somem, mas tornam a aparecer, dependendo de cada caso”, alerta.

De acordo com os médicos, as causas da doença ainda não estão totalmente esclarecidos. As pesquisas científicas demonstram que pode ser uma doença hereditária e nesses casos existe a probabilidade de 30% de alguém na família ter a doença.

Reprodução rápida

A descamação, característica principal da doença, acontece porque as células da pele afetadas pela psoríase se reproduzem muito rápido. Normalmente as células da pele levam entre 21 a 28 dias para serem repostas. “Nos portadores doença, esse ciclo leva, no máximo seis dias”, observa a coordenadora.

O dermatologista Caio César de Castro alerta que a psoríase pode e deve ser controlada. “A doença é identificada por meio de um diagnóstico clínico e o seu tratamento varia conforme o tipo, a extensão e as condições gerais de saúde da pessoa”, esclarece. O médico avisa que a pessoa pode ter surtos, que são as crises da doença, seguidos pelos períodos de estagnação, na qual a doença existe, mas não agride a pele.

São várias as formas de tratamento, portanto cabe ao dermatologista avaliar a melhor indicação. É fundamental usar diariamente hidratantes ou substâncias que ajudem a manter a pele com menos escamas. Evitar a manipulação freqüente das lesões para retirar as escamas e não usar medicações que possam exacerbar o quadro é fundamental para o controle adequado da enfermidade.

O sol na medida certa

O ciclo germinativo e,pidérmico fica encurtado quando a pessoa está com psoríase. Em função disso, a proliferação epidérmica é maior. Essa é a origem da “casca”, que começa a descamar. Para conter esse ciclo, é indicado usar uma pomada (que atua parando o processo) no local com a lesão e tomar um pouco de sol todos os dias, no horário antes das 10 horas e depois das 15 horas. Quando a pessoa está no início do tratamento, é bom começar tomando sol apenas 5 minutos por dia. Depois, conforme indicação médica, o paciente pode aumentar um pouco o tempo de exposição diária.

SERVIÇO

Onde receber informações sobre a doença – A SBD elaborou ações de conscientização voltadas para comunidade, elucidando, entre outras questões, como identificar a doença, quais são os tratamentos, como os portadores podem conviver com a moléstia, além de ajudar a reduzir o preconceito ao explicar que a doença não é contagiosa. Os seguintes serviços paranaenses estarão atendendo a população neste dia 28 de outubro:

Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná
Telefone (41 ) 3240-5000

Santa Casa de Misericórdia de Curitiba – PUC
Telelefone: (41 ) 3320-3554

Hospital de Clínicas do Paraná – UFPR
Telefone ( 41) 3360-1800

Universidade Estadual de Londrina – UEL
Telefone (43 ) 3371-2000

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