A aterosclerose, frequentemente, começa na juventude. Assim, as medidas preventivas deveriam ser iniciadas também precocemente.
Com efeito, a mudança do “estilo” de vida é essencial para que as crianças cresçam sem os fatores de risco para doenças cardíacas.
De acordo com o cardiologista Jairo Mancilha Carvalho, o ponto principal é a alimentação.
Tudo começa pela preferência pelo leite materno, que possui menos gordura e cloreto de sódio que o leite de vaca, e, portanto, seu uso é essencial.
“Também não há necessidade de acrescentar sal e açúcar aos alimentos das crianças pequenas”, frisa o médico, ressaltando que hábitos simples ajudam a evitar a obesidade na infância, que invariavelmente, precede a do adulto e, por isso, deve ser evitada.
Hábitos em transformação devido à comodidade do uso do computador e dos games eletrônicos, e da variedade de opções de lanches tipo fast foods estão deixando a população cada vez mais longe da rotina ideal de vida que garante uma boa saúde.
Falta de exercício físico e alimentos gordurosos ou doces em excesso são a principal causa do aumento de peso na faixa etária que vai dos seis aos 18 anos. As brincadeiras que exercitam o corpo, como jogar bola, subir em árvores, pular corda são cada vez mais raras e isso traz consequências sérias para a saúde dos jovens.
De acordo com o diretor da cardiopediatra Nelson Miyague, do Hospital Costantini, a alternativa para prevenir doenças nesse cenário é buscar a conscientização dentro de casa, na escola e na comunidade. “É a cardiopediatria preventiva, em que os pacientes que já apresentam mais de um fator de risco para doença do coração são identificados e orientados”, explica.
Discernimento
Depois dos exames, o tratamento principal consiste em recomendar atividade física e controle alimentar. “São raros os casos em que já é necessário atuar com medicamento, por isso o principal é ter disciplina, vontade e apoio da família e da escola para mudar os hábitos de vida”, reconhece o especialista.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os dados dão conta de que quase 10% das crianças e adolescentes do País são hipertensos. O índice se repete quando o assunto é obesidade.
Jairo Carvalho acredita que, quando o assunto é o discernimento sobre o que é bom ou não para a alimentação dos filhos, é preciso radicalizar. “Cabe aos pais, com a ajuda dos especialistas, esta decisão e não às grandes redes de lanchonetes espalhadas nas esquinas ou shoppings por aí”, cobra.
A cardiopediatra Mariana Thomaz reconhece que os dados são preocupantes, mas que pode se vislumbrar um cenário mais positivo em breve. “Campanhas educativas, leis mais rígidas contra o cigarro e o incentivo de entidades médicas à prática esportiva e a mudanças na alimentação, como as restrições já adotadas por cantinas escolares, podem ajudar a mudar este quadro”, acredita.
De acordo com a médica, a maior parte dos pacientes chega indicado pelo pediatra. Se há histórico de doença cardiovascular na família, o cuidado é redobrado.
“Recomendamos uma dieta saudável, apesar de que muitas crianças não têm regras e horários certos para comer”, explica, lembrando do acompanhamento médico individual para cada caso.
