Uma em cada três mortes de crianças na Europa, Israel, Turquia, Rússia e Chipre se deve à poluição ambiental, falta de higiene, acidentes ou guerras, segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado pela revista britânica “The Lancet”.
A pesquisa, elaborada pela Universidade de Udine e o Instituto para a Infância Burlo Garofalo, de Trieste, revelou que a cada ano 100 mil crianças e jovens entre zero e 19 anos morrem em conseqüência da poluição atmosférica, acidentes, espancamentos ou conflitos bélicos.
A área de abrangência do estudo corresponde à região européia da OMS, integrada por 52 países, incluindo os da ex-Iugoslávia, Federação Russa, Israel, Turquia e Chipre. Segundo os pesquisadores, os fatores ambientais considerados na investigação são a causa de 35% das mortes e de 25% dos anos prováveis de vida perdidos pelas crianças e jovens da Europa por razões de saúde.
O diretor técnico da OMS na Europa, Roberto Bertolini, advertiu que os dados contidos no relatório constituem apenas “a ponta de um iceberg e não um quadro pormenorizado” da situação. O estudo é também o primeiro a analisar os fatores de risco do meio ambiente em relação à saúde infantil.
A pesquisa indica que cerca de 13 mil crianças de zero a 4 anos morrem devido às partículas em suspensão na atmosfera, e dez mil devido ao uso de lenha e carvão nas residências, ainda muito difundido no leste da Europa. Na mesma faixa etária, a contaminação por chumbo provoca uma severa redução na expectativa de vida.
Mais 13 mil crianças e adolescentes até 14 anos morrem em conseqüência de precárias condições sanitárias e água poluída. Acidentes e traumas, incluindo os provocados por guerras e violência doméstica, provocam até 75 mil vítimas por ano. O diretor do escritório europeu da OMS, Marc Danzon, admitiu que “o quadro é preocupante”, mas ressaltou que “as conclusões também abrem a porta a um futuro mais saudável para as crianças da Europa”.