Os métodos contraceptivos são os principais aliados de um casal para alcançar sucesso no planejamento familiar, evitando uma gravidez não desejada ? além de proporcionarem a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da aids. Existem inúmeros métodos contraceptivos, mas, no Brasil, há a hegemonia de dois métodos em especial, a anticoncepção oral e a ligadura tubária. Isso é o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, do Rio Grande do Sul. A pesquisa teve como objetivos descrever o padrão de consumo dos métodos contraceptivos e outras características de 867 usuárias de 20 a 60 anos com vida sexual ativa de São Leopoldo (RS).
De acordo com artigo publicado na edição de maio dos Cadernos de Saúde Pública, ?do ponto de vista da saúde coletiva, o conhecimento do padrão de consumo dos métodos contraceptivos e das características das usuárias pode subsidiar as políticas públicas quanto à adequação da utilização e da disponibilidade dos meios para a população?. Todas as mulheres que participaram do estudo foram submetidas a um questionário padronizado.
Índices da pesquisa
Os especialistas observaram que entre as mulheres que referiram atividade sexual, 61,1% afirmaram utilizar algum método contraceptivo. Entre as mulheres de 20 a 49 anos, 48,8% disseram usar anticoncepcionais orais; 18,7%, ligadura tubária; 17,3%, preservativos masculinos; e 7,3%, dispositivo intra-uterino (DIU). Entre as 186 mulheres de 50 a 60 anos que afirmaram ter vida sexual ativa, o método mais prevalente foi a ligadura tubária, com 79,6%. Segundo o estudo, ?a análise por idade revelou que a maior prevalência de consumo de anticoncepcionais orais foi na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual 71,3% das mulheres relataram usar esse método. Esses valores foram diminuindo progressivamente, sendo que, na faixa etária de 45 a 49 anos, 19,7% das mulheres disseram utilizar anticoncepcional oral e a partir dos 50 anos até os 60 anos, nenhuma mulher relatou o consumo. Quanto à prevalência de ligadura tubária, nas mesmas faixas etárias, foram verificados resultados inversos?.
Os resultados também mostraram que quanto menor o nível sócio econômico e quanto mais baixa a escolaridade, maior o consumo de pílula e a prevalência de ligação tubária. A equipe explica que ?o uso de métodos contraceptivos é influenciado por diversos fatores econômicos, culturais, antropológicos e biológicos. Os efeitos observados nas mulheres mais jovens com menor escolaridade e com inserção de classe econômica mais baixa, relacionados à prevalência de anticoncepcionais orais e a ocorrência de laqueadura tubária, podem indicar dificuldades de acesso desde a adolescência?.
Nesse sentido, os pesquisadores ressaltam a importância de se dar maior atenção a esse grupo: ?Os achados da análise em São Leopoldo apontam para uma diversidade na prevalência do uso de métodos contraceptivos, mas ainda revelam a necessidade de se propiciar escolhas tecnicamente mais adequadas às mulheres mais jovens e com baixa escolaridade?.