Pesquisadores brasileiros descobrem novo tratamento para endometriose

maissaude_endometriose2.jpgUm estudo clínico conduzido por um grupo de cientistas brasileiros traz novas perspectivas para o tratamento da endometriose, doença que acomete mais de 10% das mulheres em idade fértil e uma das principais causas da infertilidade. Um grande enigma envolve essa patologia, que se caracteriza pela invasão do endométrio (tecido que recobre internamente a cavidade uterina) no próprio músculo uterino ou quando se implanta em outros órgãos (peritônio pélvico, ovário, trompa, bexiga, intestino, entre outros).

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriram que um sistema intra-uterino (SIU), liberador de baixas doses de progesterona (levonorgestrel) no organismo, é eficaz no tratamento da doença e produz menos efeitos colaterais que as terapias convencionais. A pesquisa, liderada pelo professor Carlos Petta, acompanhou mulheres com endometriose com idades entre 18 e 40 anos. O estudo teve duração de dois anos e as participantes foram observadas durante seis meses. O resultado apontou a diminuição dos efeitos adversos nas usuárias do endoceptivo.

?O SIU não interfere na produção de estrogênio, mas bloqueia sua ação apenas na região do útero, reduzindo o crescimento do tecido endometrial?, frisa Petta. Além de minimizar os incômodos de outras terapias e evitar a intervenção cirúrgica, cada dispositivo pode ser usado por um período de até cinco anos consecutivos. Outra vantagem do medicamento é o custo, que se dilui com o decorrer dos anos. Por se tratar de um método de controle da fertilidade (anticoncepcional), o tratamento com SIU é indicado para mulheres que não desejam ter filhos.

Difícil diagnóstico

A principal explicação para os casos de endometriose é que uma parte do tecido endometrial que deveria fluir normalmente por via vaginal, durante a menstruação, volta pelas trompas e se fixa nos locais descritos anteriormente. ?Além disso, sobre o refluxo menstrual atuam outros fatores genéticos e ambientais que propiciam sua fixação e o conseqüente desenvolvimento da doença?, atesta Carlos Petta.

O principal sintoma da doença é a dor no período menstrual. Em alguns casos, o distúrbio pode levar à infertilidade. As opções convencionais de tratamento, de acordo com o pesquisador, incluem o uso de medicamentos para suprimir a atividade dos ovários, a cirurgia que remove o tecido endometrial e a histerectomia (cirurgia para retirada do útero).

Pela dificuldade de diagnóstico, pesquisas internacionais demonstram que se leva de quatro a seis anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico final da endometriose, fato que pode ser extremamente danoso para as trompas e ovários, levando muitas mulheres a comprometer sua capacidade de engravidar. A postergação da gravidez tem sido comprovada como um dos fatores mais importantes no aumento dos casos de infertilidade entre as mulheres. Isso se deve tanto pelo aumento da incidência de endometriose quanto pelo próprio envelhecimento do óvulo. Segundo os especialistas, esses incômodos impactam diretamente na qualidade de vida das pacientes e são as principais queixas relatadas nos consultórios. ?Por isso, a busca por outras alternativas terapêuticas é incessante?, completam.

maissaude_endometriose.jpgContraceptivo de ação prolongada

O sistema intra-uterino liberador de progesterona é um método contraceptivo comercializado no Brasil desde o ano 2000. Trata-se de um sistema intra-uterino em forma de T que libera diariamente mínimas doses de levonorgestrel ? hormônio similar à progesterona produzida pelos ovários ? diretamente no útero, reduzindo a ocorrência de efeitos colaterais. É um método reversível e de ação prolongada. A eficácia do hormônio se mantém por cinco anos, sendo que a fertilidade é restabelecida logo após a retirada. Transcorrido esse tempo, a usuária deve procurar um ginecologista para substituir o produto, que pode ser usado por períodos consecutivos.

Principais sintomas da endometriose

– Fadiga.

– Cólica menstrual forte.

– Dor na relação sexual.

– Dores abdominais fora do período menstrual.

– Intestino preso ou diarréia, perto ou no período menstrual.

– Dificuldade para engravidar.

– Esterilidade.

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