Pesquisador considera distante a possibilidade da vacina contra a aids

Rio de Janeiro – A possibilidade de se chegar a uma vacina que impeça a contaminação pelo vírus da aids ainda está bastante distante de se concretizar, segundo avaliação do chefe do Laboratório de Imunologia Clínica do Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz), Luiz Roberto Castello Branco.

Segundo Castello Branco, são melhores as perspectivas para controlar a doença por meio de medicamentos para tratar os pacientes do que as de se conseguir produzir a vacina.

?A vacina ainda deve demorar alguns anos para estar disponível, as perspectivas ainda não são muito boas. Em compensação, as perspectivas de novas drogas são bem melhores para o controle da doença?.

O tema foi discutido nesta segunda-feira (23) durante o Seminário Avançado sobre Patogênese em HIV/Aids que prossegue até a próxima sexta-feira no (23), no Rio de Janeiro.

Segundo Castelo Branco, as pesquisas para encontrar uma vacina contra a aids estão em andamento há 20 anos e até agora não houve avanços significativos. ?A primeira vez em que se anunciou a vacina para aids, em um congresso em Washignton, em 1987, se imaginava que em cinco anos ela estaria disponível. Nós já estamos em 2006, e se continuam com os mesmos dados, para se ver como a dificuldade é grande?.

Ele explicou que a dificuldade em se desenvolver a vacina ocorre porque o vírus é ?compartimentalizado? no organismo e tem mutação muito rápida. ?A vacina, com ação curativa ou preventiva, teria que agir em diversos locais do organismo e também em diversas variações do vírus. Além disso, você tem que saber exatamente que tipo de célula estimular para fazer essa resposta imunológica, essa resistência ao vírus, ou então reagir a ele e matá-lo. A dificuldade é ter essa resposta integrada?, explicou o pesquisador.

Castello Branco destacou, no entanto, os avanços registrados na produção de drogas mais eficientes e com menos efeitos colaterais para o tratamento da aids. ?Hoje com esses novos medicamentos você consegue fazer com que a doença seja contida, o indivíduo consegue ter uma qualidade de vida bastante boa?.

O pesquisador disse ainda que, a comunidade científica já trabalha com a hipótese de que a utilização de novos medicamentos, disponíveis no mercado internacional, possa garantir a cura da doença. ?Essa perspectiva, da pessoa ficar livre da aids com o tratamento, até pouco tempo não existia, e a partir deste ano começou a aumentar bastante com os novos medicamentos. Com o tratamento em longo prazo, a perspectiva é que depois de determinado tempo o paciente poderia até mesmo deixar de usar o medicamento. Ela seria portadora de um vírus, mas ele não teria mais nenhum efeito patológico?.

Outra alternativa promissora no combate a aids, segundo Castello Branco, são novas formas de prevenção, como o uso de microbicidas, que estão em estudo há um ano e meio no laboratório de imunologia da Fiocruz.

A substância, em forma de creme, gel ou espuma, poderia ser usada pelas mulheres antes da relação sexual e sua ação seria suficiente para eliminar o vírus do HIV caso ele estivesse presente. ?É uma nova forma de prevenção da doença, em que a mulher poderia usar de forma intravaginal essa substância e durante o ato sexual ela se preveniria, pois essa substância mataria o vírus?.

De acordo com Castello Branco, o microbicida foca principalmente mulheres com parceiros que podem ter outras parceiras. Segundo ele, o medicamento nacional será produzido a partir de plantas brasileiras, como algas, por exemplo, e por isso será ?extremamente barato?.

Os microbicidas estão em pesquisa também nos Estados Unidos e na Europa e sendo testados na África. Segundo Castelo Branco, estudos mostram que o medicamento poderá reduzir em cerca de 30% a infecção em mulheres pelo vírus da aids na África num prazo de 12 meses. A perspectiva internacional é que o microbicida possa estar no mercado em 7 anos. No caso brasileiro o período deve ultrapassar este prazo.

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