Pesquisa revela consumo abusivo de álcool no Brasil

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou nesta quarta-feira (22), no Palácio do Planalto, da divulgação do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. O estudo inédito realizado pela Universidade Federal de São Paulo e financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) traça um cenário de como o brasileiro bebe, o que pensa sobre as políticas de bebidas alcoólicas e quais são os problemas associados ao consumo do álcool no Brasil. 

De acordo com Temporão, os resultados do levantamento revelam que o consumo abusivo de álcool e suas conseqüências é um grave problema de saúde pública. "Por um lado, esse estudo serve de alerta para a população que bebe muito e com freqüência e para a que não bebe. Por outro lado, vai refinar e direcionar as políticas e as ações do ministério nessa área, porque sabemos onde está o problema e como vamos reverter essa situação", ressaltou o ministro.

O levantamento pioneiro no Brasil revelou, entre outros dados, que 28% dos brasileiros já beberam de forma abusiva em um curto espaço de tempo até ficar embriagado.  Outro dado alarmante é que jovens (18 a 24 anos) são os que bebem em quantidades maiores do que aqueles com 60 anos ou mais.

A divulgação da pesquisa e a veiculação da campanha do Ministério da Saúde na televisão marcam concretamente o início das ações da Política Nacional sobre o Álcool, sancionada por decreto presidencial em maio deste ano. A política traz um conjunto de medidas interministeriais para reduzir e prevenir os danos à saúde e à vida, bem como às situações de violência associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na população brasileira.

Desde o último dia 11, está sendo veiculada na televisão uma campanha publicitária alertando sobre os riscos e danos associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas. As peças levantam temas como: "O que a Propaganda não mostra", "Adolescentes, bebida não é brincadeira" e "Trânsito – bebida não é só diversão". A intenção da campanha publicitária não é proibir o consumo, mas prevenir e promover saúde.

Durante a 2ª Reunião Extraordinária 2007 do Conselho Nacional Antidrogas tomaram posse os novos conselheiros do órgão. O mais novo conselheiro é coordenador da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado.

Cerveja é a mais consumida no Brasil

Um estudo inédito no país aponta um panorama nacional do consumo de bebidas alcoólicas de brasileiro. Entre os resultados da pesquisa o índice de abstinência do consumo de bebidas alcoólicas, a quantidade, freqüência e o momento que os brasileiros começam a consumir o álcool regularmente. A diferença do consumo entre homens e mulheres, adultos e adolescentes, as regiões que mais bebem e, ainda, as conseqüências do excesso também são apontadas na pesquisa. O levantamento é uma parceria entre a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e a UNIFESP.

A cerveja ou chope é a bebida mais consumida pelos brasileiros quando se comparam bebidas pelo número de doses consumidas anualmente. De todas as doses anuais consumidas por brasileiros adultos dos dois gêneros, de qualquer idade e região do País, em torno de 61% são de cerveja ou chope, 25% de vinho, 12% destilados e 2% as bebidas "ice".  Entre os destilados, a cachaça (ou pinga) é a bebida mais consumida, seguida pelo uísque e o rum.

Jovens de 18 a 24 anos são os que mais bebem

Os brasileiros mais jovens bebem geralmente em quantidades maiores do que aqueles com 60 anos ou mais. Essa diferença chega a ser 89% maior quando são comparados aqueles com os jovens de 18-24 anos. Até os 44 anos, mais de 30% dos brasileiros que bebem consumiram geralmente 5 doses ou mais nas ocasiões em que beberam.

De acordo com o levantamento, 52% dos brasileiros acima de 18 anos bebem (pelo menos 1 vez ao ano). Entre os homens são 65% e entre as mulheres 41%. Na outra ponta estão os 48% de brasileiros abstinentes, que nunca bebem ou que bebem menos de 1 vez por ano. No grupo dos adultos que bebem, 60% dos homens e 33% das mulheres consumiram 5 doses ou mais na vez em que mais beberam no último ano. Do conjunto dos homens adultos, 11% bebem todos os dias e 28% consomem bebida alcoólica de 1 a 4 vezes por semana – são os que bebem "muito freqüentemente" e "freqüentemente". A maioria dos brasileiros adultos ou não consome bebidas alcoólicas ou bebe de maneira potencialmente arriscada

Consumo diferenciado entre homens e mulheres

Os homens e as mulheres bebem com freqüências marcadamente diferentes. Os homens apresentam índice de abstinência menor do que as mulheres (35% para eles e 59% para elas). As diferenças do beber entre homens e mulheres são também claras nas freqüências mais altas (muito freqüente e freqüente), em que os homens apresentam porcentagem mais alta do que as mulheres.

As mulheres são maioria no consumo baixo: até 2 doses. Por outro lado, 38% dos homens que beberam no último ano geralmente consumiram 5 ou mais doses de bebida alcoólica em cada ocasião (versus 17% das mulheres). Ou seja, daqueles homens que bebem álcool, um número expressivo bebe usualmente quantidades potencialmente prejudiciais.

As diferenças entre os tipos de bebida consumidos por homens e mulheres dizem respeito ao vinho (bebido mais freqüentemente pelas mulheres) e aos destilados (consumidos mais pelos homens). Cervejas (quase dois terços do total consumido) e bebidas "ice" (responsáveis ainda por pequeno consumo) não apresentaram diferenças no consumo entre os gêneros.

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