As campanhas de vacinação contra a raiva não conseguem atingir a toda a população canina e nem estimar o número exato de cães e gatos nas grandes cidades brasileiras. Segundo Ricardo Augusto Dias, pós- graduando do programa de doutorado do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e de Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, todas as campanhas de imunização são feitas com base em diretrizes fornecidas pela Secretaria Estadual da Saúde, através do Instituto Pasteur, que ele considera falhas por não refletirem a realidade.

Utilizando um Sistema de Informação Geográfica (SIG) dotado de softwares digitalizadores, base de mapas e programas específicos de computação, Dias acompanhou e orientou as duas últimas campanhas de vacinação contra a raiva canina em Guarulhos, na Grande São Paulo. O trabalho fez parte de sua dissertação de mestrado intitulada Emprego de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) no Controle da Raiva Canina, apresentada em agosto último na FMVZ. Com seu estudo, o pesquisador pôde comprovar que a utilização do SIG pode resultar na otimização da campanha de vacinação e, ao final, um censo da população canina bem mais próximo da realidade.

As análises de Dias compreenderam os cães domésticos daquele município. Para tanto, a cidade foi dividida em cinco áreas de vacinação. De acordo com dados fornecidos pelo SIG, a campanha foi planejada em cada região. “Normalmente, todas as campanhas são realizadas sem qualquer planificação. Aceitam-se as estimativas da Secretaria Estadual da Saúde que estabelece a relação 1/7, ou seja, um cão para cada sete habitantes”, informa o pesquisador. No entanto, como ele explica, a falta de planejamento faz com que as vacinas sejam administradas de forma aleatória, o que acarreta alta nos custos gerais de uma campanha. “Uma vacinação bem distribuída e planejada implicará em economia de material e de recursos humanos, e maior número de animais imunizados. No caso de Guarulhos utilizamos o índice de 1/5”, afirma.

Depois de acompanhar as vacinações em Guarulhos, Dias calcula que a população canina doméstica daquela cidade está em torno de 200 mil, somados a cerca de 50 mil gatos, constatando ainda a existência de superpopulações em algumas áreas do município. “A metodologia poderá possibilitar ainda que sejam tomadas medidas mais precisas para esterilização, o que manteria estável o número de cães evitando o extermínio”, prevê Dias.

Antes da elaboração e do planejamento da campanha de vacinação utilizando o SIG, o pesquisador realizou entrevistas com proprietários de cães e levantou as necessidades de cada região estudada. O objetivo agora é estender a metodologia à população de cães de rua e aos que são atendidos em clínicas particulares.

Mais informações: (0xx11) 3818-7653; E-mail: dias@vps.fmvz.usp.br

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