Perfil genético poderá ajudar a largar o cigarro

Uma nova abordagem personalizada para ajudar fumantes a largarem o cigarro pode ajudar a impulsionar as taxas de sucesso no tratamento. Além das ferramentas disponíveis, o combate ao fumo ganha reforço da genética. Isso é o que descobriu um estudo britânico publicado na edição deste mês da revista inglesa Molecular Medicine. De acordo com a pesquisa, o perfil genético combinado com o nível de dependência de nicotina do paciente pode orientar as decisões do tratamento e maximizar as chances de alguém se livrar do hábito para sempre.

Como todo ex-fumante pode atestar, parar de fumar não é nada fácil. Dos 46 milhões de fumantes que vivem na União Europeia, 70% dizem querer largar ovício, mas menos de 5% são bem-sucedidos após um ano sem a utilização de tratamentos. Porém, quando um fumante utiliza ferramentas para cessação do tabagismo, como adesivos de nicotina, goma de mascar, inalador ou medicamentos, a taxa de sucesso pode aumentar para 25%.

De acordo com o pesquisador Jed Rose, do Centro de Duque de Nicotina e Cessação de Fumo, na Inglaterra, essas ferramentas de reposição de nicotina, como as pastilhas e adesivos, são eficientes, no entanto, existe pouca orientação sobre a melhor forma de usá-los, pois tratamentos funcionam de forma diferente para fumantes diferentes. Identificar essas diferenças é o primeiro passo para ser capaz de prever qual a eficácia de cada método no organismo dos fumantes.  

Marcadores genéticos

Para a realização do estudo, os pesquisadores rastrearam 520 mil marcadores genéticos do sangue de fumantes voluntários. Através dessa informação genética, chegaram a um número que, quando combinado ao nível de dependência em nicotina – avaliada por meio de questionários – de cada um, pode prever qual o melhor método para parar de fumar, bem como a concentração mais indicada.

Os testes iniciais foram feitos com 479 fumantes acostumados a fumar pelo menos meio pacote de cigarros por dia. Os participantes foram classificados como tendo uma dependência alta ou baixa em nicotina. Baseado no perfil genético, o tratamento dos mais dependentes funcionou melhor com doses mais altas.

Maiores pesquisas estão sendo feitas, mas os médicos já estão otimistas. Segundo os pesquisadores, o próximo passo é expandir o trabalho e ver como e quais medicamentos de prescrição médica podem ser mais eficientes para cada caso. Assim os médicos acreditam que no futuro todas as ajudas disponíveis poderão ser determinadas através das informações genéticas e de outras características do comportamento de fumar.

O co-pesquisador George Uhl afirmou que não se trata de um único gene que diz que determinado fumante vai para de fumar, e sim de um grupo de genes que, quando tomados em conjunto ajuda a tomar melhores decisões de tratamento manual.

Números pedem medidas urgentes

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o fumo é uma das principais causas de morte evitável hoje no planeta. Cerca de cinco milhões de pessoas morrem por ano devido ao tabagismo e caso as estimativas de aumento do consumo de produtos como cigarros, charutos e cachimbos se confirmem, esse número aumentará para mais de 8 milhões de mortes anuais por volta de 2030.

 No Brasil, os dados do Ministério da Saúde mostram que 18,8% da população são fumantes, sendo que do total da população brasileira, 22,7% dos fumantes são homens e 16% são mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos são causadas pelo consumo de tabaco.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna