Um novo estudo da Sociedade Americana de Câncer, publicado no American Journal of Epidemiology, descobriu que não é apenas a quantidade de atividade física que pode influenciar o risco de morte, mas também a grande quantidade de tempo gasto sentado. Pesquisadores alegam que o tempo que se passa sentado está associado com o nível de mortalidade, independentemente dos níveis de atividade física. Tanto homens quanto mulheres com este sedentarismo e menor atividade física se mostraram 48% e 94%, respectivamente, com maiores chances de morrer, se comparados com os que alegaram ficar menos tempo sentados e praticarem mais exercícios.
Para explorar a associação entre o tempo sentado e a mortalidade, pesquisadores analisaram as respostas dos exames de mais de 123 mil pessoas (53.440 homens e 69.776 mulheres) que não tiveram histórico de câncer, ataque de coração, derrame, enfizema ou outras doenças pulmonares entre 1993 e 2006). Eles examinaram a quantidade de tempo gasto sentado e a atividade física em relação à mortalidade, nos participantes cadastrados no Estudo de Prevenção ao Câncer, realizado desde 1992 pela Sociedade Americana de Câncer.
De acordo com os pesquisadores, diversos fatores podem explicar a associação entre o tempo gasto sentado e maiores taxas de mortalidade por diversas causas. Um prolongado tempo sentado, independente da atividade física, tem demonstrado importantes consequências metabólicas e podem influenciar fatores como altas taxas de triglicérides, lipoproteína de alta densidade, colesterol, glicemia de jejum, repouso da pressão arterial e a leptina, que são indicadores da obesidade, problemas cardiovasculares e outras doenças crônicas.
Particularmente em mulheres que relataram mais de seis horas sentadas durante o dia, a mortalidade mostrou-se 37% maior durante o período do estudo, do que para aquelas que disseram ficar sentadas menos de três horas por dias. Já os homens que declararam mais de seis horas ao dia tiveram a probabilidade de morte 18% maior do que os que relataram menos de três horas por dia. A associação se manteve praticamente inalterada após a apuração dos níveis de realização de atividade física. O risco de mortalidade por doenças cardiovasculares era mais forte do que o câncer.
Levante da cadeira
O ato de ficar sentado, normalmente é associado ao descanso, mas o trabalho e algumas atividades cotidianas exigem esta postura diariamente. Com o passar do tempo, os nossos tendões ficam naturalmente mais curtos. Porém, para aquelas pessoas que passam muito tempo sentadas, esse encurtamento acontece mais cedo. Mais um motivo para as dores aparecerem. Conforme o fisiologista Raul Santo, da Unifesp, “Quando estamos sentados, os discos intravertebrais – responsáveis pelo amortecimento do impacto dos movimentos – ficam muito pressionados, causado inflamação nos nervos e, por isso, a dor nas costas e o desvio postural. Eventualmente, isso pode levar a problemas mais sérios como a hérnia de disco”.
Quando se fica tempo demais sentado, alguns problemas podem aparecer com maior facilidade, como dores nas costas, comprometimento da circulação e obesidade. Portanto, para quem precisa trabalhar sentado, a opção não é mudar de emprego. Raul Santo indica atitudes muito mais simples: “As pessoas podem fazer exercícios simples de alongamento do corpo, quando estão sentadas ou quando se levantam para ir ao banheiro ou pegar um cafezinho. Espreguiçar-se vai dar maior oxigenação ao organismo. Faça uma pausa a cada hora ou uma hora e meia sentado para alongar o pescoço e a coluna e mexer as pernas”, explica o fisiologista. Que complementa, “É importante que a pessoa crie o hábito de alongar-se para reposicionar o corpo, tentando alcançar o equilíbrio postural”.