O cirurgião plástico Ivo Pitanguy criticou o que chamou de “imposição do marketing sobre o conceito de beleza”, a magreza excessiva das modelos e voltou a alertar sobre os riscos da banalização das cirurgias estéticas, ao proferir conferência magna no V Congresso Mundial de Medicina Estética, no hotel Intercontinental, zona sul do Rio. “O belo é aquilo que agrada. De repente, você vê uma menina anoréxica desfilando e não agrada. A partir do momento que se começa a vender produtos e se desenvolve uma mentalidade que não é saudável, cria-se uma inversão de valores”, disse o cirurgião.
Em sua conferência sobre rejuvenescimento facial, Pitanguy alertou sobre os riscos de banalização das cirurgias plásticas, mas na entrevista coletiva evitou comentar sobre as “cirurgias íntimas” cujas técnicas de estreitamento do canal vaginal, injeção de gordura nos grandes lábios e rejuvenescimento da genitália externa eram temas de vários painéis do evento. “Tem uma peça chamada ‘A Voz da Vagina‘. Como não vi, não sei o que ela diz”, desconversou o cirurgião, que tentava se referir à peça “Monólogos da Vagina”, da norte-americana Eve Ensler, que é sucesso nos palcos brasileiros desde 2000.
Pitanguy ressaltou que a banalização é o lado ruim do crescimento das cirurgias estéticas no mundo. “Não se pode banalizar. Nas cirurgias plásticas ou reparadoras, o cirurgião deve ter formação para operar, pois elas oferecem os riscos de qualquer cirurgia e devem ser feitas em ambiente hospitalar”, alertou. Ele lembrou que o silicone líquido injetável é agora contra-indicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O cirurgião classificou como antiético o turismo voltado à cirurgia plástica, que recentemente cresceu nas clínicas do eixo Rio-São Paulo, que concentram 70% do segmento no País. “Quando uma companhia (de viagens) traz o paciente para ganhar sobre o médico e comercializa a medicina, eu acho antiético”, afirmou.
De acordo com o presidente da Associação Internacional de Medicina Estética, Waldyr Mansilha, a indústria de cosméticos e da beleza movimenta no Brasil US$ 4 bilhões por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, cuja indústria movimenta US$ 13 bilhões anualmente. A expectativa é que o congresso, que termina neste sábado (29) no Rio, movimente R$ 7 milhões em volume de negócios.