Sobe para 6,2 pmp (por milhão de pessoas) a taxa de doação de órgãos em 2007 na comparação com o ano anterior (6,0 doadores efetivos pmp) ? alta de 3,33%. A taxa, entretanto, ainda é menor do que as registradas nos anos de 2004 (7,3 pmp) e 2005 (6,4 pmp). As informações são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), um levantamento feito semestralmente pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
O bom desempenho observado no segundo semestre (7,0 pmp) teve fundamental importância para que fosse mantida a estabilidade, apesar dos baixos números registrados na primeira metade do ano passado (5,4 pmp). Com o leve aumento, o número de doadores efetivos volta a crescer após dois anos de consecutivas quedas ? passou de 7,3 em 2004 para 6,4 em 2005, chegando a 6,0 em 2006. Apesar da recuperação, ainda é preciso ter cautela. De acordo com o Dr. Valter Garcia, presidente da ABTO, ?medidas organizacionais e educacionais devem ser reforçadas para retomar o crescimento continuado da taxa de doação?.
A recusa familiar ainda é responsável pelo baixo número de transplantes no país. Em 2006, este tipo de rejeição foi responsável pela não-efetivação de 27,4% das cirurgias, número que subiu para 34,7% no ano passado.
Transplantes
O número de transplantes no Brasil também se manteve estável, projetando uma pequena alta. No ano passado foram realizados 18.621 procedimentos, ante 18.516 em 2006.
O destaque positivo vai para o rim, que subiu 3,53% de 2006 para 2007 e atingiu a marca de 3.397 transplantes: a maior da história. São Paulo foi o estado onde mais foram realizadas cirurgias desta modalidade: 1344. O Acre ocupa o outro extremo do ranking, com apenas quatro transplantes de rim. Para Garcia, o aumento no número deste tipo de procedimentos está relacionado à eficiência no processo posterior à notificação dos casos de morte cerebral.
Outro destaque vai para o fígado, que atingiu na segunda metade do ano passado a maior taxa semestral de transplantes da história no Brasil, com 536 cirurgias. Em contrapartida, o órgão foi menos transplantado do que em 2006, passando de 1025 cirurgias para 997 no ano passado (queda de 2,74%). A baixa na totalidade do ano foi provocada pelo número de procedimentos realizados no primeiro semestre: 461 ? o menor número desde o primeiro semestre de 2005.
Já o coração, apesar de ter registrado crescimento no segundo semestre de 2007 na comparação com os seis primeiros meses do ano, fechou o ano em baixa, atingindo a menor taxa desde o ano de 2002.
Os transplantes de órgãos passaram de 4.668 para 4.734 (alta de 1,41%), enquanto os de tecidos subiram apenas 0,28%, passando de 13.848 para 13.887. O rim, assim como nos outros anos, foi o órgão mais transplantado (71,7%). Em 2007, foram feitos 3.397 transplantes renais, 116 (3,53%) a mais do que no ano anterior, que registrou 3.281 cirurgias do tipo.
Entre os tecidos, a córnea também acompanhou o desempenho dos anos anteriores e liderou o ranking, correspondendo a 71,6% deste tipo de transplantes. A alta no número de transplantes de tecidos foi alavancada, principalmente, pelo aumento registrado nos procedimentos de troca de ossos (a maior taxa da história) e escleras oculares.
Desempenho regional
Assim como em 2006, Santa Catarina lidera o ranking de doadores efetivos. A taxa de doação no estado chega a 14,8 pmp, valor próximo aos padrões europeus. Em 2006, a taxa foi fixada em 12,8 pmp. O Rio Grande do Sul vem em segundo, com 13,6 doadores pmp, seguido por São Paulo (9,3 pmp), Ceará (8,6 pmp), e Distrito Federal (8,1 pmp).
Outro estado que merece destaque é o Paraná, que em 2006 não estava presente na lista das localidades com mais de sete doadores efetivos pmp. Neste ano, a taxa de doação no Paraná é de 7,6 pmp.
Já os estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Piauí tiveram queda na taxa de doação no ano passado em relação a 2006. Goiás e Piauí saíram da lista das localidades com taxa entre quatro e sete doadores pmp.