Esqueça as velhas receitas para tratar dores nas costas, juntas ou joelhos. Nada de antiinflamatório e repouso absoluto. Isto porque já ficou comprovado que quanto menos você se mexe, mais aumentam a dor e a rigidez nas articulações.
“Tão importante quanto a medicação apropriada, os exercícios físicos devem, obrigatoriamente, fazer parte do tratamento dos pacientes reumáticos”, defende o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.
Para aqueles que acham que não é recomendada aos idosos com osteoporose a prática de artes marciais (aparentemente, algo sem lógica alguma), cientistas holandeses contrariam e incentivam a indicação.
É que um estudo divulgado na publicação BMC Research Notes avaliou que dominar as quedas controladas do kung fu e do caratê, por exemplo, ajudaria a prevenir fraturas de quadril.
Dor, rigidez, fadiga e o medo de piorar podem fazer com que o paciente reaja contra o exercício. No entanto, para o portador de reumatismo, por exemplo, um programa de exercício apropriado é extremamente importante e saudável.
Hoje, a maioria dos estudos revela que a atividade física moderada e com acompanhamento apropriado pode reduzir as dores musculares e melhorar os movimentos dos pacientes que sofrem de doenças reumáticas.
Endorfinas
“O exercício físico é uma peça chave no tratamento dos pacientes reumáticos, pois o sedentarismo agrava consideravelmente o quadro das doenças reumáticas”, esclarece o médico.
Lanzotti reconhece que a prática de atividades físicas – além de proporcionar prazer e relaxamento – contribui para o emagrecimento, reduz a dor e a rigidez nas articulações e aumenta a flexibilidade, a força muscular, a saúde do coração e a resistência.
Um dos grandes benefícios da atividade física é o estímulo à produção de endorfinas, substância que aumenta a sensação de bem-estar.
Tais substâncias funcionam, também, como analgésicos, proporcionando alívio da dor no organismo.
“A produção de endorfinas é fator muito importante para os pacientes reumáticos, que apresentam propensão a desenvolver quadros de depressão e ansiedade”, explica o reumatologista.
Quem tem fibromialgia pode aliviar os sintomas da doença com exercícios físicos, mas nem sempre os pacientes conseguem manter uma rotina de atividades devido ao cansaço, às dores e à dificuldade de se deslocar até uma academia ou um parque.
A doença, que acomete cerca de 6% da população, provoca dores musculoesqueléticas distribuídas pelo corpo.
Há, no entanto, um novo estudo que aponta uma solução mais simples, com a mesma eficácia.
De acordo com uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins e da Universidade de Michigan, 30 minutos de atividades cotidianas, como subir escadas ou limpar a casa também podem contribuir para a diminuição das dores.
Acompanhamento especializado
Os exercícios físicos mais recomendados para os pacientes reumáticos são do tipo aeróbico ou dinâmico, como caminhar, correr, nadar e andar de bicicleta.
“As pessoas fisicamente ativas têm uma qualidade de vida melhor comparada com as sedentárias, e isso também se aplica a pacientes portadores de doenças reumáticas como artrite, espondilite, artrose”, enfatiza o especialista.
No entanto, a prática de exercícios físicos deve ser supervisionada e não deve ser iniciada antes da avaliação do médico que acompanha o paciente.
“Só um especialist,a poderá indicar a necessidade da prática de atividade física por doentes com acometimento articular de membros ou coluna vertebral”, esclarece Sérgio Bontempi.
Pessoas com artrite reumatóide, por exemplo, podem participar seguramente de programas de exercício regulares, procurando alcançar uma melhor condição aeróbica, aumento da força muscular, da resistência e flexibilidade, facilitando tarefas do dia a dia, como caminhar, se abaixar, cuidar dos afazeres domésticos.
Há três tipos principais de exercícios indicados: alongamento, condicionamento muscular e condicionamento aeróbico, cada qual com um papel na melhora da saúde, reduzindo a incapacidade e a dor relacionada à patologia.
Para uma efetiva prática de exercícios físicos é importante lembrar que os pacientes portadores de doenças reumáticas devem seguir também uma dieta balanceada para que consigam manter a energia ao realizar a atividade física.
“Já os pacientes reumáticos com sobrepeso devem realizar acompanhamento médico, dietético e fisioterápico, pois, muitas vezes, perder alguns quilos, significa aliviar a carga exercida sobre uma articulação, o que diminui a chance de piorar a lesão já existente e melhora a qualidade de vida como um todo”, frisa o médico.