Um relatório europeu revela que quando o assunto é osteoporose, os desafios são muitos e relevantes, tais como assistência ineficiente a idosos com riscos de fraturas, aplicação inadequada de diretrizes médicas sobre a doença e baixa adesão à terapia por parte dos pacientes.
Estas lacunas no manejo da doença, defendem os pesquisadores, estão deixando milhões de pessoas com alto risco de fraturas em estado de fragilidade. No Brasil, os problemas para enfrentar a doença também se multiplicam em várias esferas.
Segundo dados oficiais, em algumas regiões do País, exames, como ultra-sonografia e densitometria óssea têm fila da espera de três meses, em média. O mais grave, ainda de acordo com o levantamento, é que os aparelhos de ultra-sonografia, ressonância magnética, tomografia, mamografia e densitometria óssea ficam 40% do tempo ociosos.
“Ou seja, o exame padrão para o diagnóstico da osteoporose não é realizado no prazo de tempo adequado, e o mais impressionante é saber que não faltam equipamentos, pelo contrário, os equipamentos existentes ficam ociosos por muito tempo”, ressalta o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.
As descobertas europeias foram reveladas por um estudo conduzido pela Fundação Internacional de Osteoporose. Conforme os dados, apenas uma minoria dos pacientes do continente europeu que apresenta alto risco para sofrer fraturas está recebendo tratamento preventivo, ao contrário das recomendações da maioria das diretrizes médicas mundiais sobre osteoporose. Isso acontece mesmo apesar dos avanços na avaliação de risco de fraturas e da disponibilidade generalizada de medicação eficaz contra a doença.
80 mortes por dia
De acordo com a pesquisa, aproximadamente 6% de todos os homens e 21% de todas as mulheres com idade entre 50 e 84 anos, nos cinco maiores países da Europa (França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, além da Suécia) sofrem com a doença.
A osteoporose é uma doença crônica, mais comum em idosos, que coloca as pessoas em maior risco de sofrer uma fratura óssea. “Mais preocupantes são as fraturas da coluna vertebral e do quadril que podem resultar em incapacidade em longo prazo, perda de independência e até morte precoce”, alerta o especialista.
Nos seis países mencionados no relatório, cerca de 34 mil mortes por ano são causadas por fraturas, o equivalente a 80 mortes por dia. O custo com cuidados de saúde, incluindo a prevenção farmacológica, foi estimado em 30,7 bilhões de euros apenas para os seis países, o correspondente a 3,5% da despesa total em cuidados de saúde dessas nações.
Os dados europeus revelam que existe uma grande diferença entre o número de pessoas que está sendo tratada, em comparação com a proporção da população que poderia ser considerada elegível para tratamento da doença, se os riscos de fraturas fossem considerados. Isso significa dizer que milhares de pacientes continuam a sofrer com fraturas, que poderiam ter sido evitadas.
Resignação
Uma melhor aplicação das diretrizes clínicas para a doença aliada a uma estratégia para maior adesão do paciente ao tratamento poderia, segundo o relatório, evitar quase 700 mil fraturas potenciais entre 2010 e 2025.
“Quando estamos diante de uma condição crônica, como a osteoporose, dar continuidade ao tratamento pode se tornar um desafio”, observa Lanzotti, salientando que é fácil interromper o tratamento no meio do caminho. “Vejo isso todos os dias”, resigna-se.
Por não poderem sentir melhorias imediatamente ou “ver, os seus ossos ficando mais fortes”, muitos abandonam o tratamento, sem completá-lo. No entanto, sem medicação regular, existe um risco aumentado de sofrer fraturas debilitantes. A partir de uma perspectiva sócio-econômica, uma maior adesão ao tratamento da osteoporose pode levar à prevenção de milhares de fraturas.
Lacunas muito graves no tratamento
* A não observância e não aplicação de diretrizes médicas nacionais sobre a doença
* A insuficiente detecção de casos graves, ou seja, pessoas com risco de fratura (incluindo fratura secundária) não estão sendo identificadas e encaminhadas para tratamento
* Falta de recursos para medir a densidade mineral óssea, ou seja, para realizar a densitometria óssea, em 40% dos países europeus
* Os avanços feitos no campo do cálculo do risco absoluto de fratura não estão sendo amplamente implementados
* Em alguns dos países pesquisados há critérios rigorosos para o reembolso dos testes de diagnóstico ou tratamento da doença
* A adesão ao tratamento da osteoporose ainda é baixa, cerca de 50% dos pacientes não seguem o tratamento prescrito e / ou interrompem o tratamento dentro de um ano.
Sem dúvidas sobre a doença
Mulheres são as mais afetadas do que os homens. Geralmente, eles apresentam a doença a partir dos 70 anos. Elas estão sob o risco a partir dos 50 anos.
A doença não provoca dores, ela faz com que os ossos fiquem mais frágeis e propensos às fraturas.
Até o momento, a doença não tem cura, por isso a prevenção é fundamental.
O uso prolongado de medicações, como corticóides, além de doenças crônicas pode levar à osteoporose. Isso em qualquer idade.
Atingir as quantidades recomendadas no consumo de cálcio ajuda a ganhar massa óssea e é condição básica para a eficácia de qualquer outro tratamento para a osteoporose.
As atividades físicas mais indicadas são caminhadas, alongamentos, ioga e até musculação, desde que supervisionados por um especialista.