“Osteoporose é uma doença de velho”. Durante muito tempo, esta crença impediu que a população tivesse acesso a informações e ao tratamento apropriado da doença.
Na verdade, cerca de 85% dos homens e 70% das mulheres que têm osteoporose sofrem com fraturas, mas desconhecem que possuem a doença. A nutrição deficiente em cálcio e vitamina D é uma das grandes responsáveis pelo problema. Esses dados constam do estudo Brazos (Brazilian Osteoporosis Study), uma ampla pesquisa sobre a osteoporose no Brasil.
A osteoporose é a doença óssea mais comum em homens e mulheres, após a quinta década de vida. Pode surgir antes, mas o seu desenvolvimento é mais comum com o avançar da idade.
Apostar na orientação e na disponibilização de informações sobre a doença é muito importante. “É papel do médico esclarecer e alertar seus pacientes sobre a osteoporose, sob risco de abandono do tratamento”, avisa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.
Menopausa
No ano passado, o SUS contabilizou R$ 57,6 milhões de gastos com internações de idosos.
Em 2006, o total foi de R$ 49 milhões. As mulheres representam a maioria de idosos internados porque têm uma massa óssea menor e sofrem os efeitos da menopausa.
Já a osteopenia é a redução progressiva do cálcio dos ossos, que ao evoluir para graus maiores de gravidade leva à osteoporose.
Ocorre por diversas causas. As mais frequentes são o climatério e a progressiva redução do hormônio feminino; o uso contínuo de alguns tipos de medicamentos; o alcoolismo; a imobilização prolongada; e algumas doenças reumatológicas e endócrinas. Sem contar os fatores hereditários.
Com os tratamentos disponíveis, atualmente, estima-se que seja possível elevar a qualidade de vida e prevenir em até 75% as fraturas vertebrais e até 50% as fraturas não vertebrais, incluindo o fêmur, que tem maior taxa de mortalidade (25 a 30%).
Absorção de cálcio
Cada vez mais, a osteoporose tem chamado a atenção de diferentes especialidades médicas e se torna muito importante o diagnóstico correto para abordar a doença.
“Devemos nos preocupar em preservar a qualidade de vida do paciente, tratando o problema, buscando novos tratamentos e, sobretudo, o diagnóstico precoce”, defende Lanzotti.
A alimentação é uma arma poderosa no combate à osteoporose. Ela garante um aporte adequado de cálcio para a mineralização óssea durante praticamente toda a vida.
Após a menopausa, a redução do hormônio feminino causa a perda de cálcio e pode haver necessidade de suplementação do mineral. Além disso, em ambos os sexos, há uma progressiva redução na absorção de cálcio com o avançar da idade e a suplementação deste mineral pode prevenir a perda óssea e aumentar a densidade mineral óssea.
“Entretanto, se já houver osteoporose manifesta, essa medida deve se associar ao uso de medicamentos para evitar a perda progressiva ou até mesmo propiciar o ganho de massa óssea”, explica o especialista.
Densitometria óssea
As recomendações mé,;dicas incluem também caminhadas, exercícios aeróbicos de pequeno e médio impacto e de resistência, quando tolerados.
Exercícios regulares também aumentam a massa e a força muscular, melhoram a coordenação e o equilíbrio e têm sido responsáveis pela redução em 25% do risco de quedas em idosos.
No entanto, o reumatologista alerta que os exercícios que não utilizam a força da gravidade, como os realizados na água – hidroginástica e natação – apesar de muito bons para o condicionamento físico e cardiovascular não são benéficos para a prevenção e o tratamento da osteoporose.
O controle da doença é feito por meio de exames laboratoriais e da densitometria óssea, que consegue medir exatamente a quantidade de cálcio perdida e a evolução da recuperação óssea.
“Apesar da possibilidade do tratamento da osteoporose, a prevenção ainda é o melhor remédio”, conclui Sérgio Bontempi Lanzotti, especialista em densitometria óssea pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.