Este ano, os não-fumantes ganharam mais um argumento para pressionar os tabagistas a apagar o cigarro. Pela primeira vez, cientistas conseguiram imagens de pulmões que demonstram como a fumaça alheia causa danos aos fumantes passivos. Graças a um tipo especial de ressonância magnética, pesquisadores de um hospital americano descobriram que quase um terço dos não-fumantes que convivem com as baforadas dos outros por mais de dez anos desenvolve alterações pulmonares, constatados por sinais moderados de enfisema, uma doença que atinge 5 milhões de pessoas no Brasil e é a quinta causa de morte no País. Essa doença crônica é caracterizada pela renovação do oxigênio no sangue que fica prejudicada, uma das causas da falta de ar das vítimas de enfisema. Essa deterioração progressiva do tecido pulmonar tem como principal causa a inflamação provocada pelas substâncias tóxicas da fumaça do cigarro.
A grande dificuldade que os cientistas tinham para revelar os sinais do enfisema nos fumantes passivos é que, neles, as alterações pulmonares são bem mais sutis do que nos fumantes. Conseqüentemente, são mais difíceis de ser detectadas pelos exames convencionais.
No estudo, os sinais de enfisema foram encontrados em 33% dos pacientes expostos por mais de dez anos ao fumo passivo. De acordo com os cientistas, essa proporção é semelhante à de fumantes que desenvolvem enfisema pulmonar. Para os autores, as conclusões servem de alerta, principalmente, para o perigo a que estão expostas as crianças filhas de pais fumantes. A pesquisa comprova que as crianças que pertencem a famílias em que há ao menos um adulto fumante, correm risco de desenvolver problemas respiratórios decorrentes do tabagismo.
A descoberta sugere que os governos devem endurecer as restrições ao tabagismo não apenas nos espaços públicos, mas também nas residências. No Brasil, onde 25% dos adultos fumam, os riscos a que estão expostos os fumantes passivos é igualmente alto.