Os riscos da depressão online nos internautas

Pessoas que passam muito tempo navegando pela internet têm maior risco de apresentar sintomas depressivos, de acordo com uma pesquisa feita no Reino Unido por cientistas da Universidade de Leeds.

O estudo, que será publicado na edição de fevereiro da revista Psychopathology, procurou analisar o fenômeno de usuários que têm desenvolvido o uso compulsivo da internet, substituindo a interação social no mundo real pelo virtual, em redes sociais, salas de bate-papo ou em outros serviços eletrônicos.

Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo apontam que esse tipo de dependência pode ter impactos sérios na saúde mental.

“A internet ocupa hoje parte importante na vida moderna, mas seus benefícios são acompanhados por um lado negro”, disse Catriona Morrison, uma das autoras do estudo.

A cientista aponta que, enquanto a maioria usa a rede mundial para se informar, pagar contas, fazer compras e trocar e-mails, há uma pequena parcela dos usuários que acha difícil controlar o tempo gasto online. “Isso ao ponto em que tal hábito passa a interferir em suas atividades diárias”, comentou.

Os viciados em internet passam, proporcionalmente, em relação à maioria dos usuários, mais tempo em comunidades virtuais e em sites pornográficos e de jogos. Os pesquisadores verificaram que esse grupo tem incidência maior de depressão de moderada a grave.

O estudo indica que o uso excessivo da internet está associado com depressão, mas é difícil reconhecer o que vem primeiro. “As pessoas depressivas são atraídas pela internet ou é o uso da rede que causa depressão?”, questiona Catriona.

Está claro que, para uma pequena parte dos usuários, o uso excessivo da internet é um sinal de perigo para tendências depressivas. Também é preciso considerar as diversas implicações dessa relação e estabelecer claramente os efeitos desse uso na saúde mental.

Provas incipientes

A pesquisa examinou mais de 1.300 pessoas com idades entre 16 e 61 anos. Do total, 1,2% foi considerado como “viciado em internet”. Apesar de ser uma pequena parte do total, segundo os pesquisadores o número de internautas nessa categoria tem crescido.

Incidentes como a onda de suicídios entre adolescentes ocorrida na cidade de Bridgend, no País de Gales, em 2008, têm levado a questionamentos a respeito da influência das redes sociais em indivíduos vulneráveis à depressão.

No estudo, os pesquisadores observaram que o grupo daqueles que passam muito tempo em frente ao computador era formado principalmente por usuários mais jovens, com média de idade de 21 anos.

Os críticos da pesquisa afirmam que o vício em internet não pode ser diagnosticado de forma confiável com os métodos usados e a forma de recrutamento de pesquisados também pode ter resultado em uma amostra tendenciosa.

Psiquiatras ingleses afirmaram que os que foram identificados como “viciados em internet” são pessoas com problemas emocionais e que as conclusões do estudo não são uma grande surpresa.

Existem, verdadeiramente, pessoas deprimidas ou ansiosas para quem a internet se sobrepõe ao resto de suas vidas, salientam os especialistas, mas existem pessoas com casos parecidos que assistem muita televisão, se enterram nos livros ou compram em excesso. “O estudo aponta uma tendência, mas não há provas de que a internet seja o problema”, afirmam os médicos.

Transtorno depressivo

* Um transtorno depressivo é uma doença que envolve o corpo, o humor e os pensamentos. Ele afeta a maneira da pessoa se alimentar e dormir, como ela se sente em relação a si própria e como se pensa sobre as coisas.

Um transtorno depressivo não é o mesmo que uma tristeza passageira. As pessoas com uma doença depressiva não podem simplesmente “se acalmar” e melhorar. Sem tratamento os sintomas podem durar semanas, meses ou anos. Um tratamento apropriado, porém, pode ajudar muitas pessoas que sofrem de depressão.

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