O tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo. No Brasil, cerca de duzentas mil pessoas morrem por ano, vítimas das complicações advindas do vício.
Atualmente, com a grande disponibilidade de informações, quase todo fumante sabe dos malefícios do tabaco e, de acordo com pesquisa recente, cerca de 80% deseja parar de fumar. Entretanto, os tabagistas têm muitas dúvidas em como iniciar este processo e manter-se longe do cigarro.
“A primeira etapa é identificar quais os momentos e situações que o cigarro entra como apoio, pensar em diferentes estratégias, traçar metas a curto e longo prazo e lembrar que a vontade de fumar vem e passa. É uma fissura que dura de 2 a 5 minutos”, explica Sabrina Presman, especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead). O uso de tabaco envolve três tipos de dependências: física, psicológica e comportamental.
A física está relacionada ao organismo do fumante, que se acostuma a receber certa dose de nicotina e, quando deixa de fumar, o corpo sente falta e precisa se adaptar à ausência dessa substância.
“Esse período de adaptação é denominado Síndrome de Abstinência e pode desencadear ansiedade, irritabilidade, inquietação, dificuldade de concentração, tristeza, dor de cabeça, tonteira e alterações no sono e ritmo intestinal”, explica a especialista.
Mudança de hábitos
Já a dependência psicológica está ligada a momentos em que o fumante atrela alguma emoção ou sentimento ao cigarro, que serve, muitas vezes, como um amortecedor para as emoções, sejam elas desagradáveis ou não.
O fumante acaba utilizando o cigarro para lidar com estresse, solidão, para relaxar e até mesmo para comemorar.
No lado comportamental, o fumante estabelece uma rotina no uso do cigarro, associando o ato de fumar com algumas atividades e hábitos como, por exemplo, fumar e tomar um cafezinho, ou fumar após as refeições.
Nesses casos, muitas vezes, o fumante acende o cigarro automaticamente, até mesmo sem notar.
Para a especialista é preciso reformular os hábitos, conseguir novas formas de lidar com os sentimentos e ter consciência de que a fase de abstinência é um período de adaptação, mas que acaba.
Vale lembrar também que são raros os casos em que as pessoas conseguem parar de forma radical.
“O ideal é que a cessação se dê de maneira gradual e com muita força de vontade, para não desanimar ou desistir em casos de recaídas”, resume Sabrina Presman.
Saúde em risco
As campanhas antitabagistas não se cansam em apontar os diversos males que o cigarro acarreta à saúde do fumante. Conheça alguns deles:
Sorriso amarelo – Está na cara, está no hálito. O fumo é importante fator de risco para doenças na cavidade bucal.Diversas pesquisas comprovam que quem começa a fumar na adolescência chega à fase adulta com três vezes mais chances de desenvolver doenças na gengiva, correndo o risco de perder dentes.
Ruim para o coração – O cigarro mata, nos países em desenvolvimento, mais que a soma de outras causas evitáveis de morte, como o uso de cocaína, heroína, álcool, suicídios e aids.
Dentre as principais complicações do fumo estão doenças cardíacas, como a hipertensão arterial e o infarto do miocárdio, que podem ser seguidos de complicações, incapacidade e morte.
Ossos fracos – Pesquisas comprovam a relação entre fumo e osteoporose. O tabaco é altamente prejudicial ao organismo da mulher, favorecendo o desenvolvimento da ,osteoporose. O cigarro, bem como o álcool e o café em excesso, aumentam o risco de enfraquecimento dos ossos.
A pele em apuros – O fumo também contribui para o envelhecimento precoce. O monóxido de carbono produzido pelo cigarro reduz a oxigenação da corrente sanguínea, retardando o processo de recuperação pós-operatória. Também deixa a pessoa mais suscetível às infecções, desencadeando problemas de cicatrização.
Fumaça alheia – Os malefícios do fumo não se restringem aos fumantes, mas repercutem de forma importante em quem convive com eles. Entre as crianças, a situação é pior. Muitos pais ainda ignoram os alertas de saúde e expõem suas crianças à fumaça de cigarro em casa, no carro e mesmo em locais públicos.
Ereção comprometida – Recentes pesquisas comprovam que o tabagismo aumenta o risco do surgimento de problemas de ereção. Segundo os especialistas, o fumo aumenta em pelo menos duas vezes a chance do homem ter disfunção erétil.
Estudo releva que em cada 100 fumadores, 37 vão desenvolver algum problema no seu desempenho sexual, muitas vezes, levando à impotência. |