Calçadas em péssimas condições, falta de guias rebaixadas, inadequação de lojas e restaurantes, transporte deficiente, ensino profissional precário, preconceito, diversas barreiras em prédios comerciais e públicos.

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Todo dia o portador de deficiência física tem que superar tais obstáculos, mesmo que a Constituição Brasileira assegure o direito de todo cidadão de “ir e vir” livremente.

Porém, na prática essa condição não é tão simples para pessoas com mobilidade reduzida, como portadores de deficiência, idosos, obesos e gestantes. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo abriga perto de 650 milhões de portadores de deficiências, a maioria deles vivendo em países em desenvolvimento.

No Brasil, a estimativa é de que em torno de 14% da população possua algum tipo de comprometimento, um número bem maior do que o esperado. Para propiciar mais qualidade de vida a esse contingente de cidadãos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em parceria com o Comitê Brasileiro de Acessibilidade, estabeleceu a resolução NBR 9050, com parâmetros técnicos a serem respeitados na construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Contudo, basta olhar com um pouco mais de atenção pelas ruas para identificar problemas.

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Vida autônoma

No caso dos idosos, por exemplo, a perda da força muscular -um dos efeitos naturais do envelhecimento – torna-se um agravante quando o assunto é acessibilidade.

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Assim, uma ação simples para a maioria das pessoas, como usar o transporte público, muitas vezes, é um desafio intransponível, principalmente, pela altura dos degraus dos coletivos.

Outra situação é a espera de idosos em pé em filas de estabelecimentos, como agências bancárias, lotéricas e alguns serviços de saúde. Apesar de muitas instituições bancárias já disponibilizarem assentos, em muitos locais os idosos continuam aguardando em pé o atendimento. Também, vale chamar atenção para a melhora na acessibilidade por meio de rampas e barras.

A normatização é importante para proporcionar às pessoas -independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção – a utilização de maneira autônoma e segura dos ambientes urbanos.

“Infelizmente, a realidade é diferente e é pensando nisso que pessoas de mais idade devem se preocupar com o fortalecimento muscular e também uma postura mais segura para enfrentar essas situações”, reconhece a fisioterapeuta Cristina Ribeiro, especializada no atendimento de idosos, lembrando que os profissionais que atuam com essa faixa etária da população devem considerar essas “barreiras” cotidianas, inclusive as existentes nas próprias residências.

Tempo respeitado

A especialista ressalta que, além do respeito às normas de acessibilidade, é preciso adotar posturas mais receptivas com esse público especial.

Por causa da perda da força muscular é natural que o idoso demore mais para atravessar a rua ou subir escadas.

Se somarmos a isso o nervosismo do trânsito, com motoristas impacientes buzinando para apressá-los, o idoso ficará nervoso, demorando ainda mais ou precipitando quedas.

“Quando um idoso estiver atravessando a rua, o bom senso manda que pedestres e motoristas, tenham paciência, respeitando o tempo e a mobilidade de cada um”, defende a fisioterapeuta.

Prover a acessibilidade aos portadores de deficiência é ainda um grande desafio para arquitetos e urbanistas. O crescimento da cidade mostra que, pelo menos quanto à acessibilidade, não se leva em consideração as necessidades de todos que dela fazem parte.

A cada dia surge uma nova idéia no uso de materiais, texturas e concepções arquitetônicas, mas na maioria das vezes, elas não permitem que qualquer pessoa as utilize com autonomia e segurança.

P,ara o arquiteto Ricardo Tempel Mesquita, as novas idéias e projetos que surgem devem seguir o conceito de acessibilidade para todos. As ruas, praças, parques e edifícios devem ser projetados para atender toda a população e não somente uma parcela dela.

“Neste contexto, a arquitetura desenvolve um papel importante nesse processo, pois só com a eliminação das barreiras arquitetônicas de uma cidade é que a população, indistintamente, poderá usufruir dela, participar e cooperar no seu desenvolvimento”, completa.

Arquitetura inclusiva

Segundo estatísticas do IBGE, no Brasil, existem mais de 9.300 cadeirantes e, mesmo assim, ainda é muito difícil encontrar lugares adaptados ou próprios para essas pessoas.

Tornar a residência acessível é dar possibilidade e condição de acesso, circulação, aproximação e alcance a um usuário de cadeira de rodas. De acordo com a doutora em arquitetura inclusiva Sandra Perito, é a junção desses elementos que torna a residência um lugar seguro, confortável e apto a um cadeirante.

Outra condição muito importante é a circulação. “A idéia principal de adaptar um lugar é dar total independência ao morador deste local, dar espaço suficiente para que ele consiga se movimentar o máximo possível”, diz a especialista.

Oferecer condição de acesso é eliminar qualquer desnível que possa existir no decorrer no percurso. “Todo piso deve ter superfície regular, firme, estável, antiderrapante e que não provoque trepidações”, afirma a arquiteta Karla Cunha.

Além disso, é importante que os capachos sejam embutidos no piso e os tapetes ou forrações tenham suas bordas firmemente fixadas. Caso contrário, simplesmente elimine esses objetos.

No caso dos usuários de cadeiras de rodas, uma das recomendações mais importante dentro de uma casa é que ele tenha uma área de giro de 360º para se mover com total liberdade e autonomia.

Assim, conforme a arquiteta, não é necessário um lugar imenso para que o cadeirante tenha liberdade e sim, que o espaço, seja bem projetado com todas as devidas recomendações.

Fonte: IMG

Cuidados em casa

* A altura indicada para colocar objetos que permaneçam ao alcance das mãos
* As tomadas devem estar instaladas entre 60 a 75 cm do chão
* Desníveis são resolvidos com rampas
* Os pisos antiderrapantes são os mais indicados
* Tapetes não podem ser muito elevados para permitir o rolamento da cadeira
* Manter um banquinho no banheiro ajuda na hora de ensaboar-se
* Todas as portas da casa devem ter no mínimo 80 cm de largura
* Espelhos devem ser fixados com a inclinação de 10 graus
* Barras para apoio e transferência devem ser instaladas nos banheiros
* A altura da mesa de jantar entre 75 cm e 90 cm do chão
* A altura ideal para cama é a mesma da cadeira de rodas