Em meio ao amadurecimento do sistema de saúde no Brasil, e em tempos de rediscussão das competências médicas, a homeopatia – especialidade reconhecida na medicina há 25 anos; na área farmacêutica há 13 anos; na medicina veterinária e na odontologia há 5 anos – aproxima-se de sua maturidade no Brasil. Criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann no final do século XVIII, esse ramo do conhecimento, hoje, dialoga com as demais ciências da saúde em todos os níveis de assistência. Experiências as mais variadas mostram que a integração é o melhor caminho para o benefício do paciente.
Conforme o presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, Helvo Slomp Júnior, a afinidade da homeopatia com o Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu naturalmente, dado o conceito comum de "integralidade em saúde", que ambos compactuam. Quando aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, a Política de Medicina Natural e Práticas Complementares do Ministério da Saúde, na qual a homeopatia está inserida, possibilitará o acesso à especialidade a um número cada vez maior de usuários do SUS. "Este é o maior desafio institucional já enfrentado pela homeopatia, em seus mais de dois séculos de existência", enfatiza o presidente.
Investimentos oficiais
Além desse desafio, a homeopatia enfrenta nos dias de hoje um desafio científico. Isso porque, seus métodos de diagnóstico e tratamento são embasados em um paradigma que difere da visão químico-farmacológica convencional, e que também carece de tecnologia apropriada para as devidas medições e estatísticas. Como exemplo, os homeopatas citam a pesquisa clínica "oficial", cujo modelo mais usado seleciona pacientes portadores de uma mesma doença, divide-os em grupos, trata um grupo com um determinado medicamento, outro grupo com outro, e um terceiro com "nada", o chamado placebo. Ao final, compara-se matematicamente os resultados dos três grupos. Slomp afirma que esse modelo não serve para a homeopatia, já que o princípio básico da especialidade é tratar o indivíduo, e não a doença. Os médicos homeopatas raramente prescrevem "remédio para isso ou para aquilo". A pesquisa homeopática experimental também tem mostrado resultados importantes, mas ainda em volume relativamente pequeno, já que outro desafio no campo da pesquisa é o financiamento: os estudos em homeopatia não geram produtos patenteáveis, que no futuro trazem lucros financeiros aos investidores. Por isso, somente eventuais financiamentos públicos poderão aumentar o volume de pesquisas na área e, com isso, o próprio desenvolvimento da especialidade.
Vantagens e desvantagens da homeopatia
Vantagens:
* É uma forma de tratamento que contempla a totalidade do ser humano e não apenas as doenças isoladamente.
* É um tratamento menos agressivo, que atua por meio de estímulo energético e não por efeito químico de drogas.
* O custo do tratamento é muito menor, quando comparado aos métodos terapêuticos convencionais.
* A consulta homeopática, por abordar questões relativas à vida inteira do paciente, é mais humanizada.
* A relação médico-paciente se torna mais valorizada.
Desvantagens:
* Por ser uma forma terapêutica em que o paciente tem uma co-responsabilidade em seu tratamento, torna-se necessária uma completa parceria entre médico e paciente.
* Os resultados do tratamento podem demorar mais ou menos tempo para se efetivarem.
É bom saber que…
* A homeopatia é um tratamento curativo e preventivo, pois visa à cura tanto das doenças agudas quanto das doenças crônicas. Sendo uma proposta terapêutica que objetiva manter o indivíduo num estado de saúde estável, também de forma preventiva.
* Os medicamentos homeopáticos devem ser indicados por um médico que esteja habilitado e que possa acompanhar a evolução de seus pacientes.
* O tratamento homeopático tem por fim dar equilíbrio ao indivíduo, por isso, muitas vezes, dispensa o uso de outros tipos de medicamentos.
* A ingestão de medicamentos alopáticos não interfere no tratamento homeopático, podendo, no entanto, muitas vezes ser dispensada.
* Não é recomendável que o paciente interrompa o tratamento para que possa equilibrar-se de uma forma mais rápida. Apesar de que, suspender o tratamento por um ou dois meses, em geral, não afeta a evolução do processo de cura.