A queda na temperatura ocorrida nos últimos dias pode fazer que a prevenção de doenças respiratórias tenha a necessidade de ser ainda mais intensificada.
Os efeitos provocados pelos dias mais frios são sentidos no aumento do número de casos de resfriados e crises alérgicas.
De acordo com conclusões da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, esse é o melhor momento para se livrar dos surtos de doenças respiratórias, que aumentam mais de 40% na estação.
De acordo com os médicos, as atenções devem estar voltadas para um inimigo camuflado, dentro de casa: o ácaro, responsável pela grande maioria dos casos de alergias respiratórias da estação. “É o grande vilão, por isso, é importante ficar atento aos focos dentro de casa, lugares com grande concentração, como armários, tapetes, cortinas e tudo o que fica mais tempo nos armários, sem ventilação”, adverte a otorrinolaringologista Francini Pádua.
Vários agentes
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada sete pessoas sofre com algum tipo de alergia respiratória no mundo. Essas alergias, muitas vezes são confundidas com gripes e resfriados, pois apresentam sintomas parecidos. É nessa hora que mães e pais devem ficar atentos a tais manifestações em seus filhos.
“Por terem o organismo mais imaturo e menos resistente, as crianças são as que mais sofrem com os males provocados por vírus, bactérias, fungos e ácaros”, explica a médica.
Nos meses mais frios, alergias, como rinite e sinusite são mais comuns e estão entre as queixas mais frequentes nos consultórios médicos. “O processo inflamatório causado pelo vírus somando às bactérias que já estão no nosso corpo acabam fazendo com que o alérgico tenha uma crise”, considera a otorrinolaringologista Rita de Cássia Casou.
Existem alergias desencadeadas pelas mais diferentes causas, como, por exemplo, fumaça de cigarro, ácaros, pêlos, ovo, pó, entre outros. Segundo o otorrinolaringologista Maurício Buschle, a alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha.
Conforme o médico, os alérgicos possuem um gene que atua de forma errada. “Quando a pessoa entra em contato com determinada substância esse gene produz anticorpos que irão produzir os espirros, coceiras e outras reações”, explica.
Vacina
A mais comum destas alergias é a rinite, cujos sintomas são a coriza, coceira nasal, obstrução nasal e espirro. De acordo com os especialistas, a rinite é um processo inflamatório nas fossas nasais que, se mal tratada, ocasiona a sinusite, que é a inflamação dos seios paranasais (da face) depois de uma obstrução nasal.
Além de cuidar da própria saúde, os adultos devem redobrar os cuidados com as crianças durante os dias de frio e de inversão térmica. É importante prestar atenção se o resfriado já dura mais de uma semana, se apresenta secreções esverdeadas, se a tosse é persistente e se há dor de cabeça.
A rinite é descoberta por meio de teste laboratorial de sangue ou de pele. Para detectar a que substâncias a pessoa é alérgica, deve-se fazer os chamados testes alérgicos. Depois do resultado, o médico encaminha para o tratamento mais adequado. Um dos mais procurados é a vacina, específica para cada tipo de alergia.
Nos casos mais amenos, o tratamento é feito por medicamentos via oral. Em alguns casos, principalmente em crianças, é feito tratamento com vacinas. Quem faz tratamento para controle das alergias deve zelar pela limpeza dos ambientes: carpetes devem ser evitados, cobertores frequentemente lavados e roupas que ficam muito tempo guardadas devem ser devidamente limpas para tirar possíveis ácaros, mofo e pó.
As doenças alérgicas mais comuns
Resfriado – Pode ser causado por mais de 200 tipos de vírus, sendo o rinovírus o mais comum deles. Tem um caráter mais inflamatório, caracterizado por dores na gargan,ta e coriza. Raramente provoca febre e dores musculares.
Gripe (influenza) – Causada pelo vírus influenza apresenta sintomas mais fortes do que os do resfriado. O vírus penetra no organismo, principalmente, pelas mucosas e produz manifestações intensas, como febre alta, dores no corpo, indisposição e obstrução nasal. Em ambos os casos o ciclo da doença não ultrapassa 10 dias.
Rinite alérgica – Uma inflamação do revestimento interno do nariz em que os sintomas têm início minutos após o contato com o alérgeno (substância que provoca a alergia), na maior parte das vezes, poeira doméstica e ácaros.
O que dificulta o diagnóstico da doença é que nem sempre as pessoas identificam a causa de suas queixas. Geralmente ignorados, os sintomas da rinite se prolongam e o processo se complica.
A freqüente congestão nasal obriga a pessoa a respirar pela boca, o que provoca desconforto na garganta, voz anasalada e alguns distúrbios do sono. Também pode propiciar o aparecimento de outros quadros infecciosos, como sinusite, amidalite, faringite e otite.
Sem desprezar a conjuntivite
A doença pode ser causada por vírus ou bactérias. “Na conjuntivite bacteriana, o comprometimento é mais externo e os olhos ficam vermelhos, congestionados, com secreção purulenta (aspecto amarelado, grosso) que gruda nos cílios, mas sem lesões corneanas em geral”, explica o oftalmologista Marco Canto.
Já na conjuntivite viral, a infecção atinge internamente o tecido conjuntival e a córnea, lesionando a célula, o que é muito mais grave, pois deixa mais sequelas, e o tratamento leva muito mais tempo.
Os principais sintomas da conjuntivite são os olhos vermelhos, coceira, lacrimejamento, inchaço das pálpebras e sensação de corpo estranho dentro do olho – como se possuísse areia nos olhos.
A doença pode ser transmitida pelo contato direto ou pelo ar, como por exemplo, pelas mãos, por toalhas, cosméticos, uso prolongado de lentes de contato, poluição do ar, fumaça de cigarro, sprays, produtos de limpeza e outras substâncias. Ambientes fechados e com muitas pessoas, como ônibus lotado, auxiliam para a sua transmissão.
Manter a higiene
Pessoas com o sistema imunológico comprometido podem ser mais suscetíveis à doença, como usuários de medicações ou drogas, pessoas idosas ou portadoras de alguma doença.
Por isso, a importância da prevenção. “Para evitar a conjuntivite é necessário manter a higiene, lavar sempre as mãos, evitar ambientes poluídos ou fechados e não coçar os olhos”, alerta o oftalmologista.
Para a conjuntivite bacteriana, o tratamento é feito com antibióticos e, geralmente, é rápido. Para a viral, o tratamento é mais longo, pois os medicamentos apenas diminuem o desconforto e aliviam os sintomas da alergia, já que a cura depende do sistema imunológico da pessoa e os antibióticos não são indicados em infecções por vírus. O alerta do especialista é de que, quando não tratada e diagnosticada corretamente, a conjuntivite pode levar a problemas mais sérios na visão.