O comerciante Cláudio Luiz Corrêa, de 42 anos, sentia tonturas freqüentemente. Ele conta que se levantasse bruscamente da cama sentia tanta tontura que tinha medo de cair. Depois de passar por algumas consultas não esclarecedoras, teve confirmada por um especialista a suspeita de labirintite. O distúrbio foi controlado com o uso de medicamentos e a diminuição do consumo de cigarros e bebidas alcoólicas. Dados da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia indicam que cerca de 40% a 50% das consultas atendidas nos consultórios dizem respeito a doenças do labirinto, órgão que ajuda no equilíbrio e que se localiza no ouvido interno.
O otorrinolaringologista Antonio Douglas Menon deixa bem claro quais sintomas diferenciam a crise de labirintite da tontura comum que a pessoa sente porque se alimentou mal, por exemplo. Na vertigem, o indivíduo vê os objetos do ambiente rodarem ao seu redor ou seu corpo rodar em relação ao ambiente. ?Pode parecer a mesma coisa, mas não é?, esclarece o médico. São duas manifestações diferentes. Ele explica que uma é subjetiva e a outra, objetiva. Esses sintomas, associados ou não a náuseas, vômitos, sudorese caracterizam a crise labiríntica típica. Sentir-se mal e ter a sensação de desmaio podem ser sintomas de hipoglicemia, de hipotensão ou de uma síncope que, muitas vezes, nada têm a ver com o labirinto. ?É o caso do indivíduo que vai à igreja sem comer, fica sentado muito tempo na mesma posição, tem uma queda nos níveis de açúcar e sente-se mal, com náusea?, exemplifica.
Cura espontânea
Além das tonturas, os sintomas mais freqüentes da doença são a sensação de zumbido nos ouvidos, vertigens e desequilíbrios, causas também comuns a uma série de outras enfermidades. ?A labirintite é um processo infeccioso no labirinto, mas as moléstias do órgão podem ser bem mais abrangentes?, revela o professor livre docente de otorrinolaringologia da Universidade Federal do Paraná, Jayme Zlotnik.
As causas da doença dessas labirintopatias são bem variadas e nem sempre bem identificadas. O médico cita, entre outras, as alterações neurológicas, acidentes cerebrais, distúrbios metabólicos e endócrinos, além das doenças degenerativas, como mal de Parkinson e Alzheimer. Especialistas acreditam que causas genéticas também têm influência nas labirintites.
Zlotnik adverte que é importante o auxílio médico para investigar a doença, evitando-se, com isso, os efeitos nocivos da automedicação. O tratamento, dependendo do grau de manifestação da doença, é feito com o uso de medicamentos. Muitas vezes a eliminação de alguns hábitos nocivos, como café em excesso, fumo ou bebidas alcoólicas, é imprescindível para sua eficácia. Os especialistas explicam que a cura da doença atinge perto de 80% dos casos. Assim, são raros os casos que necessitam de cirurgia. ?Labirintites suaves, causadas, principalmente, por distúrbios emocionais, podem ter resolução espontânea?, completa o médico.
Dicas de prevenção
* Manter uma alimentação equilibrada
* Comer devagar, mastigando bem os alimentos
* Moderar o consumo de bebidas alcoólicas
* Manter o corpo hidratado
* Não abusar do café
* Abolir o fumo
* Evitar o sedentarismo
* Praticar atividade física sob orientação