Foi-se o tempo em que as pílulas anticoncepcionais (surgidas nos anos 60s) tinham doses excessivas e prejudiciais de hormônios.
O lançamento foi precedido de diversos tabus, que por muito tempo se tornaram verdadeiros mitos, o principal deles, prejuízos à libido.
O método que eliminou preconceitos e mudou paradigmas, também provocou mudanças profundas na sociedade.
Com o passar dos anos e inúmeros avanços, a pílula, de vilã passou a influir positivamente, trazendo benefícios importantes para as mulheres.
Recentemente, a Expert Opinion, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, divulgou um estudo sobre os benefícios adicionais desse método contraceptivo.
Baseado na revisão de mais de 100 trabalhos científicos, o estudo revelou que o uso das pílulas anticoncepcionais por longos períodos diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio e colorretal na mulher.
De acordo com o ginecologista e obstetra José Bento de Souza, dos hospitais Albert Einstein e São Luiz, de São Paulo, as principais vantagens adicionais das pílulas anticoncepcionais modernas (combinadas e de baixa dosagem hormonal) são ajudar a regular o ciclo menstrual, combater a acne, diminuir a formação de cistos ovarianos, reduzir a incidência de doença benigna de mama e combater a deficiência de ferro, entre outros benefícios.
Vantagens comprovadas
O uso da pílula anticoncepcional também está associado à menor incidência de endometriose. De acordo com pesquisadores, provavelmente esse efeito protetor esteja limitado com o uso freqüente ou recente do anticoncepcional.
Mas, considerando a mulher moderna, jovem, que estuda, trabalha e não deseja ter filhos até os 30 anos ou mais, ou simplesmente não quer ter filhos, “justifica-se plenamente o uso da pílula nessas mulheres, primeiro como contraceptivo e, entre outras vantagens comprovadas, para a proteção contra a endometriose, que é uma doença grave e causa de dor e de infertilidade feminina”, afirma Rosires Pereira de Andrade, ginecologista e obstetra, professor titular de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O especialista lembra que existem estudos que mostram que mulheres que têm ovários policísticos, que são obesas e apresentam resistência à insulina (alteração hormonal relacionada ao diabetes) e que usaram pílulas anticoncepcionais de baixa dose durante cerca de 10 anos, quando comparadas às mulheres não usuárias de pílula, tiveram melhora nos seus níveis de colesterol e de glicose no sangue, além de perderem peso. “Para a saúde dessas mulheres, essa melhora foi fundamental”, destaca Andrade.
Proteção da fertilidade
Segundo o médico, as pílulas de baixa dose são efetivas para reduzir o fluxo menstrual das mulheres e também reduzem a prevalência e a severidade da dismenorréia (cólica menstrual que podem ser leve, moderada e severa, e que compromete sobremaneira a vida emocional, profissional de inúmeras mulheres).
“Desde o surgimento da primeira pílula, a indústria farmacêutica pesquisou e desenvolveu novos hormônios de baixa dosagem com benefícios adicionais”, afirma Andrade. Conforme o especialista, ao prescrever um contraceptivo oral, o médico deve observar se a mulher apresenta facilidade de aumento de peso, retenção líquida, pele oleosa, acne e sintomas pré-menstruais, pois algumas combinações de hormônios oferecem benefícios adicionais ao bem-estar da mulher.
Para José Bento, a mulher usuária da pílula deve comparecer ao ginecologista uma vez a cada seis meses para um exame clínico e se não houver nenhuma complicação ou efeito colateral, pode continuar usando a sua pílula até o desejo de uma gravidez. O importante, frisa o especialista, é que a pílula protege a fertilidade da mulher.
As vantagens das pílulas de baixa dose são muitas, mesmo entre as adolescentes, como ficou comprovado no estudo. “Para essas meninas, o fluxo menstrual fica menor, as cólicas desaparecem e elas podem até controlar o dia do sangramento, evitando uma menstruaç,;ão no final de semana, em uma viagem”, explica O ginecologista.
Anticoncepcionais de baixa dose combatem:
* Distúrbios ósseos
* Acne
* Câncer colo-retal
* Mioma uterino
* Artrite reumatóide
* Distúrbios de sangramento
* Endometriose
* Doença inflamatória pélvica