A expectativa de vida da população continua em constante crescimento. Para esse acréscimo colaboram os cuidados com a saúde em todas as idades, a prevenção de doenças e as maiores opções de tratamento e cura de diversas enfermidades.

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Uma pesquisa realizada nos estados Unidos apontou, no entanto, que a obesidade é a principal causa de reversão dessas vantagens. A doença, que vem se tornando uma verdadeira epidemia, poderá reverter o longo e constante aumento da expectativa de vida.

O estudo concluiu que a crescente obesidade entre as crianças norte-americanas levará a um aumento das doenças cardíacas, derrames, diabetes e câncer – doenças que podem encurtar-lhes drasticamente o tempo de vida, sem contar o aumento nos gastos do governo com programas de saúde.

O aumento da expectativa de vida foi um dos maiores triunfos do século 20, à medida que avanços, variando de vacinas e antibióticos até melhores condições sanitárias, adicionaram três décadas ou mais ao tempo de vida médio, principalmente, em países desenvolvidos.

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Assim como guerras e pragas que historicamente causavam perdas na longevidade, os autores do estudo retrataram a obesidade disseminada como um cataclisma semelhante.

“Ela pode ser comparada a um enorme maremoto avançando em direção ao continente”, comparou o especialista em obesidade David Ludwig, completando que, se esperarmos sentados, poderá se tornar tarde demais para se fazer algo.

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Previsão sombria

Em média, conforme o estudo, a obesidade está reduzindo a expectativa de vida em até nove meses. Apesar de aparentemente parecer pouco tempo, o esse tempo significa que a doença já reduz a expectativa de vida mais do que homicídios, suicídios e acidentes fatais combinados. Assim, à medida que milhões de crianças obesas envelhecerem, a doença poderá reduzir tal previsão entre dois a cinco anos.

Os autores do estudo, no entanto, garantem que a reversão da longevidade não é inevitável. Ludwig disse que seria necessária uma “mudança fundamental” para reduzir a obesidade, incluindo uma série de medidas importantes, como reformas no cardápio das escolas, incentivo à prática de atividades físicas, regulamentações mais severas na propaganda de alimentos, ampla educação nutricional e um maior gasto no tratamento da obesidade.

A expectativa de vida tem crescido nos últimos anos, à medida que os índices de morte por câncer e problemas cardíacos têm decrescido. Mas o novo estudo prevê que esta tendência poderá se equilibrar.

O rápido crescimento das taxas de obesidade, particularmente entre as crianças, é a principal força que puxa essa previsão. A doença praticamente triplicou entre as crianças americanas nas últimas três décadas, segundo estatísticas federais. Até o começo dos anos 2000, mais de 15% das crianças com idades entre 6 e 19 anos eram obesas, o dobro de três décadas atrás.