Obesidade infantil é um distúrbio grave

As mais recentes estatísticas confirmam que existe um número crescente de crianças acima do peso ou obesas no país.

Como efeito, a obesidade infantil é um distúrbio grave e provoca, ainda na infância, problemas de coluna, nas articulações, fere a autoestima e leva à rejeição social.

Orientação inadequada? Alimentação incorreta? Qual será a melhor maneira de fazer com que a criança perca peso e mantenha-se dentro do padrão definido?

Em torno dos dois anos de idade é que se define o número de células gordurosas de uma pessoa adulta.

Uma criança com excesso de peso possui maior número de células gordurosas que outra com peso normal e, na fase adulta, terá maior dificuldade em se manter magro.

Já, aquele que tiver um número menor de células gordurosas, mesmo que em alguma época da vida engorde, não será um indivíduo obeso, pois possui poucas células que armazenam gordura.

Dados da pesquisa encabeçada pela nutricionista Maysa Helena A. Toloni mostram que, entre as famílias com baixa escolaridade, 67% dos bebês já haviam experimentado alimentos que não devem ser incluídos em nenhuma dieta saudável, como macarrão instantâneo, açúcar refinado, suco de fruta artificial, salgadinhos e embutidos.

Escolhas alimentares

Os resultados da pesquisa, feita com 270 pais de crianças pequenas, é bastante preocupante, considerando que a obesidade infantil no Brasil já é considerada um problema de saúde pública: cerca de 10% das crianças e 20% dos adolescentes apresentam excesso de peso.

A endocrinologista Fernanda Pisciolaro, do Departamento de Obesidade Infantil da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), lembra que o cuidado com a boa alimentação deve envolver toda a família.

“As crianças recebem os alimentos que lhes são oferecidos e aprendem a fazer escolhas alimentares por observação dos familiares”, ressalta, concluindo que famílias com bons hábitos alimentares educam o consumo alimentar de forma natural.

Em contrapartida, segundo a especialista, “famílias com alto consumo de alimentos industrializados e baixa ingestão de frutas e vegetais terão mais dificuldades em introduzir tais alimentos para as crianças.”

A pesquisa revela um dado importante para a etiologia e prevenção da obesidade e de outras doenças que são passíveis de modificação. “As questões culturais exercem grande influência nas escolhas alimentares, que atualmente têm sido refletidas na supervalorização do produto industrializado, em detrimento ao caseiro”, avalia a especialista.

Segundo ela, são necessárias políticas públicas e orientações mais efetivas sobre a importância da não introdução precoce de produtos industrializados na alimentação dos bebês, assim como da importância do aleitamento materno exclusivo com introdução gradual de alimentos adequados à idade.

Campanha da Abeso

A gordura corporal muda ao longo do crescimento e a quantidade de gordura considerada normal difere entre meninos e meninas e são usadas tabelas específicas de peso, altura e IMC para definir quem está acima do peso. O pediatra é o médico que inicialmente deve reconhecer esse problema e encaminhar ao especialista.

Basicamente, a obesidade é atribuída a aspectos ambientais, genéticos e comportamentais. A nutrição irregular, isto é, a ingestão de alimentos contendo altos teores de gordura, é considerada o grande vilão causador da doença.

Somada à falta de exercício físico, outro fator importante, já com a modernização tecnológica foram adquiridas facilidades antes inexistentes, tem-se multiplicado o número de pessoas com excesso de peso.

A tendência genética a engordar quando existem casos anteriores de obesidade na família, também é decisiva para o desenvolvimento da doença. Filhos de pais obesos possuem cinco vezes mais chances de desenvolver o, problema do que os que possuem histórico familiar saudável. Além disso, problemas glandulares também podem ser associados, apesar de nem sempre estarem diretamente relacionados ao problema.

Considerada uma doença de alto risco, crônica e reincidente, a obesidade é, sem dúvida, preocupante e merece devida atenção. Pensando nos milhões de brasileiros que já sofrem com o excesso de peso nas proporções em que a doença vem se desencadeando, a Abeso vem desenvolvendo a Campanha Nacional de Combate à Obesidade.

Focada na conscientização, a campanha tem como objetivo ressaltar os riscos da doença, promover estilos de vida mais saudáveis e enfatizar a importância do acompanhamento médico especializado, essencial em todas as etapas, desde a profilaxia até o tratamento.

Números do estudo

” 31% dos pais afirmaram ter oferecido açúcar ao filho em idade inferior aos três meses de vida
” 49% ofereceram chás
” 18% ofereceram mel
” Até os doze meses, em média, 85% das crianças já haviam provado esses alimentos
” No primeiro ano de vida, 56,5% delas já tiveram o refrigerante incluído no cardápio

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