A notícia da perda da guarda dos sete filhos por um casal escocês sob alegação da Justiça de que eles eram obesos e que os pais não passavam bons hábitos correu o mundo.

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Acusados de negligência, os pais foram punidos porque os filhos caminhavam para obesidade mórbida. A mãe, de 40 anos, pesa mais de 145 quilos.

O pai, de 53 anos, pesa 115. A exemplo deles, o filho mais velho, de 12 anos, já pesava mais de 100 quilos. A polêmica focou uma discussão bastante conhecida da atualidade: as crianças obesas e os maus hábitos alimentares durante a infância.

A questão que preocupa é saber o quanto disso é culpa dos pais, das próprias crianças, da genética ou do modo de vida moderno. Os cientistas estão descobrindo que, fisicamente, os problemas de saúde dos adultos também têm relação direta com maus hábitos durante a infância.

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Segundo a pediatra Raquel Rego, especialista em nutrologia infantil da Clínica Asinelli, a obesidade na infância e adolescência é um importante fator de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares na vida futura.

Doenças de “gente grande”

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Além de fatores genéticos, hábitos alimentares saudáveis são fundamentais. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, de 2006, mostrou que a média de tempo que a mãe amamenta no Brasil é de 2,1 meses.

A pediatra lembra que, durante os seis primeiros meses, a criança deve se alimentar exclusivamente de leite materno, sem nem mesmo chá ou água. Depois desse período outros alimentos – como legumes, tubérculos, cereais, frutas e carnes – devem ser inseridos na dieta aos poucos, mas sem abandonar a amamentação. Açúcar, café, corantes e produtos industrializados devem ser evitados ao máximo.

“Percebo que muitos pais tendem a dar muita comida a seus filhos, quando na verdade cada criança tem seu ritmo e seu nível de saciedade”, reconhece Raquel Rego.

No entanto, não é apenas quando adulto que as consequências de uma má alimentação se manifestam. Muitas crianças desenvolvem doenças de “gente grande”, como diabetes e hipertensão, entre outras.

A culpa é do estilo de vida moderno e urbano, que leva ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares, podendo até mesmo agravar tendências genéticas. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo revelou que 16% dos estudantes de 10 a 15 anos estão na faixa de sobrepeso e 10% são considerados obesos.

Paralelamente, 81% dos alunos de escolas particulares e 65% dos alunos de escolas públicas realizam menos de dez minutos de atividade física por dia e se encaixam em um quadro de sedentarismo.