As mudanças observadas nos processos de trabalho, pela busca do aumento da produtividade e da redução de custos, e a introdução de novas tecnologias, trazem aos trabalhadores alterações significativas na sua maneira de trabalhar, através da aceleração do ritmo de trabalho, diminuição de pausas de descanso e maior responsabilidade sobre o produto final. Porém, as mudanças laborativas não tem seguido este ritmo de organização de trabalho.
Os impactos sobre a saúde são inevitáveis, e tem sido observados principalmente no grande número de trabalhadores com sintomas relacionados a distúrbios osteomusculares principalmente dos membros superiores, os quais tem procurado com freqüência os serviços especializados no atendimento de doenças profissionais.
LER quer dizer, Lesões por Esforços Repetitivos. Hoje, conhecido como DORT, que quer dizer, Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho. O nome LER mudou para DORT, porque nem sempre quando a pessoa se queixa de estar com LER, ela está com uma lesão. Por isso passou-se a dizer DORT. Esta sigla define uma síndrome que reúne doenças como tendinite, bursite, epicondilites, síndrome do túnel do carpo, cervicobraquialgia entre outros, que afetam os membros superiores.
As DORT são inflamações que atingem os músculos, tendões, sinóvias, nervos, ligamentos, isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo principalmente, porém não somente, as mãos, punhos, antebraços, cotovelos, ombros e pescoço.
Estas patologias ocupacionais, como já comentamos, são decorrentes de forma combinada ou não, de:
Uso repetitivo de grupos musculares;
Uso forçado de grupos musculares;
Manutenção da postura inadequada;
A estratégia de prevenção destas patologias deve estar ligada a fatores, como:
Mudanças da organização do trabalho;
Melhoria dos locais de trabalho e das condições ergonômicas;
Eliminação de tarefa única, através de rotação de tarefas;
Descanso intercalado durante a jornada de trabalho;
Conscientização e esclarecimento aos funcionários;
Condicionamento físico, e trabalho das qualidades físicas.
Como sabemos, a fisioterapia envolve métodos de prevenção e de tratamento. Mas, quando o funcionário apresenta alguma patologia de origem ocupacional “instalada”, aí então, a fisioterapia passa a tratar o problema de forma mais específica.
Os efeitos do tratamento fisioterápico, são entre outros:
*melhora, restauração ou manutenção da força;
*resistência à fadiga;
*mobilidade e flexibilidade;
*relaxamento, coordenação e habilidade;
*retorno às atividades de vida diária e atividades laborativas o mais precoce possível.
O resultado final do tratamento deve ser a volta dos movimentos funcionais livres de sintomas.
Quando o funcionário da empresa se previne, ou é atendido pelo fisioterapeuta o mais precoce possível, ele é beneficiado e a empresa também, pois terá seu funcionário trabalhando ativamente. Veja alguns benefícios.
Benefícios para os funcionários:
Restabelecimento da saúde;
Melhora do quadro clínico;
Redução do número de complicações e redução do tempo de patologias;
Adaptação dos equipamentos às suas necessidades físicas;
Melhor qualidade de trabalho;
Benefícios para o empregador:
Queda nos índices de abstinência, licenças médicas, licenças permanentes;
Aumento da produtividade;
Aumento da qualidade;
Satisfação dos funcionários;
Melhora do clima organizacional;
Sempre lembrando, que o funcionário da empresa moderna deve ser uma pessoa ativa e não sedentária, para evitar a instalação das patologias ocupacionais. Combatendo-as com o condicionamento físico e o aprimoramento das qualidades físicas. Além disso, deve estar preparado intelectualmente, ou seja, deve ser conhecedor da seriedade das patologias, as formas de prevenção, a importância de uma postura adequada, a importância dos exercícios, entre outro; podendo ele mesmo se prevenir das lesões, preservando a sua saúde e o seu trabalho. Todas essas informações normalmente são dadas pelo Fisioterapeuta através de palestras ministradas na própria empresa.
Como prevenir tais problemas?
Um exemplo de como organizar o ambiente de quem trabalha com computador.
Usar Material Ergonômico para trabalhar;
Mousepads Ergonômicos (apoio do mouse): A escolha ideal deve ser cuidadosa. Um produto com desenho ruim e disciplente pode acelerar um processo inflamatório, em vez de prevenir a doença. A primeira consideração a ser feita na hora de optar um mousepad é o apoio do punho. O suporte deve ser macio – para evitar pressões – e oferecer uma altura adequada, que mantenha mão, punhos e antebraço numa linha horizontal ou reto, formando um ângulo de 90º com o cotovelo.
Proteção de Tela: quanto menores, o brilho e os reflexos na tela do monitor, maior o conforto para os olhos. O melhor a fazer é ter uma proteção antiofuscante ou o protetor de tela para evitar que o seus olhos comecem a doer e a dar aqueles “pulinhos”. Ficar em frente ao computador por mais de 60 minutos seguidos, é pedir para que um problema venha a ocorrer. A cada hora, relaxe dê uma voltinha, gire os olhos para os lados e, se sentir algo estranho com seus olhos, visite seu oculista.
Postura: Quando se está sentado em frente ao computador de maneira incorreta, a coluna vertebral sofre dores, podendo causar lesões graves. Os ombros contraídos podem causar dores musculares, os punhos sem apoio podem causar fraturas, distensões ou graves lesões.
Lembre-se: não é o computador que causa lesões, e sim a sua postura no trabalho!
É claro que não é só este tipo de profissão que causa DORT. Entre outras estão, os dentista, bancários, cabeleireiro, cozinheira profissional, a tricoteira de longos anos, o professor que utiliza muito o quadro negro, o montador de peças, etc.., profissões que ficam muito tempo com o membro elevado sem apoio, ou fazendo esforço, ou repetindo várias vezes o mesmo movimento.
Independente de sua profissão, procure fazer pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho.
Na próxima semana, você vai aprender alguns alongamentos que podem ser feitos nos intervalos do seu trabalho. Até lá!
Eveliz Lobo Franco da Rocha
é fisioterapeuta.